Ao reinventar minha vida, tudo igual. Um pouco mais de ervas aqui e ali e só. Com uma caixa de lápis nas mãos, pinto o arco-íris que quiser.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
O Movimento da Paranóia
E que teus lábios me condenam a ser deles)
Fico em casa porque estou louco
Ou talvez eu esteja em casa
Porque esse é o lugar em que se deve ficar
As ruas são tão cheias de angústia e desespero
Quieto e insano como meu amor pelo caos
Ah! Como eu queria poder ver através de todos os disfarces
Desmantelar a máscara que há em cada figura triste
{dentre as que lotam os pontos de ônibus
E pudesse também reordenar suas estruturas cerebrais
{e transformar sua visão
Seriam todos iguais a mim
E veriam que não há por que correr
Ou talvez haja motivo para correr
Pois tudo está interligado
E as relações que se estabelecem entre os elementos
Determinam o movimento do sistema
Estou em casa e não sei por quê
Ou talvez tenha uma noção
As ruas são tão cheias...
Juljan
sábado, 24 de novembro de 2007
Gira sol
E com ele
Tudo que trazemos
Como um cata-vento
Girando suas pás
Que voltam ao mesmo lugar
Nasce
Também o que se perde
O pássaro que voa baixinho
A flor que te sorri no jardim
O cachorro que atravessa a rua
O fruto que cai da árvore
O cheiro do pão na padaria
A criança que carrega os livros pra escola
Pessoas indo ao trabalho
Cai a noite
Tudo parece igual
Continuamos
Com tudo que trazemos
E tudo continua perdido
A lua que brilha no céu
A estrela que cai
O gatinho que sobe ao telhado
O canto do grilo na esquina
A música que toca no rádio
Crianças brincando na rua
Pessoas conversando no portão
Nasce outro
No mesmo dia
Tudo caminha igual
Gira sol
Zélia
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Fitting room
There he is. Quietly walking down the street. Wearing a basket of flowers on his head,* he is a charming man.** Old, wise and knowing so much about the things, he can not see color, race, sex, money or IQ. He opens his arms exactly the same way for any one. The question: how you receive him? Although things stay – or seem to be – immutable, we do not live the same day everyday. Changes happen and are necessary – however, it is needful to take them as an antibiotic. Wound and death come in smaller amounts. So, let us avoid seeing life as a woman, as a mother and as someone who is there for us, no matter what a son does or how he treats her. We’d better see life as this old charming man carrying flowers on his head. As someone who is here for us but that is not so benevolent. The moment you close your eyes for him and the flowers he carries – some of them have their thorns, for sure - he may have already gone...
Just let yourself free for yourself.
Zélia
* Cummings, Edward Estlin. in: Suppose
** Morrissey, Steven Patrick in: This charming man
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Errata
“– Trabalhar para viver e não trabalhar para morrer.”
Pensou: Não importa o lado da moeda. Ela deverá cair nas mãos do velho Caronte. Fechado o círculo, conclui-se: trabalhar para pagar a sua travessia pelo Aqueronte rumo ao destino final de todo simples mortal...
Zélia
sábado, 17 de novembro de 2007
Fim de temporada
Felicidade é não buscar justificativas para ser feliz. É não precisar dizer que está feliz. Felicidade é viver sem olhar para os lados ou para trás. É viver o agora tão intensamente que chegamos a esquecer quem somos, onde estamos, com quem estamos e o que estamos fazendo. Felicidade é o que de mais perto podemos chegar de Deus...
Zélia
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
After you
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
O Senhor das armas
Engraçado essa necessidade de certos escritores em escrever textos quilométricos e de palavras enfeitadas. Não sei onde eles querem chegar. O mundo vive fora dos livros. Não sabemos ler, não sabemos escrever, não sabemos falar e nem pensar. Qual a função, então, de um escritor? Não será “encher lingüiça” com suas palavras soltas ao vento, certamente. Todo escritor deveria se preocupar em ser o caminho que leva a outra margem. As palavras são como as sementes. Se não forem jogadas no lugar certo e da maneira correta, não comeremos os frutos. E não acredito que escritor é aquele que escreve e pronto. Um escritor tem que pensar em seu produto assim como uma mãe pensa em como criar seu filho. O escritor tem uma arma na mão. Arma de se fazer guerra em paz, sem derramamento de sangue. Feridos e mortos pode ser que surjam. Afinal, escolhas sempre machucam alguém e a morte nos leva ao renascimento. É assim que a vida deve seguir...
Zélia
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
When shoes do not fit
Bob knew there was something different – not wrong – with him. To start with, he was not for all the war, starvation and poverty we can see on Earth – in all kinds and sense. Besides, he could not understand why people did not care about it. He used to find friends on weekends. He meant to have some fun. However he always felt alone in the crowd. People are so foolish. They only care about themselves. When they talk about somebody else he can feel envy in their words and steps. He could not see the point. Weren’t they supposed to have fun? So why did they spend a lot of time reffering to other people’s lives and to such small things like what clothes to wear for the next party or how many times someone got to have sex on the weekend? I may be coming back to the same theme but I could not help seeing how deep Bob is not concerned with these frivolous aspects we have in this world. Furthermore, we can always learn from other people’s experience. He knows he is not alone indeed and he has learned that being alone among these people is not a case of solitude but being higher. Now, whenever he finds himself in a situation like that, he flies to meet his mates in a galaxy far far away...
Zélia
domingo, 11 de novembro de 2007
Nossas palavras e coisas
Cadeira, lápis, computador, livro, relógio, perfume, batom, caderno, porta-retrato, terço, cd, controle remoto, mesa, anel, absorvente, camisola, camisa de time, copo, futebol de botão, creme de barbear, cartão de crédito, copo, chaveiro, furadeira, dinheiro, bola, caneta, caderneta, garrafa, selo, disquete, folheto ilustrativo, celular, conta, carta, jogo de xadrez, papel, sabão, porta tempero, abridor de garrafa, flor que saiu do jardim, embalagem vazia, papel com cheiro de chocolate, sapato, almofada, bolsa...
Palavras são coisas que guardamos em caixas de papelão sem saber se um dia vamos usá-las. E, na maior parte das vezes, sequer chegamos a usá-las.
Zélia
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
A fantástica viagem de Mariazinha em seu lindo balão
É realmente incrível o poder que algumas pessoas têm de entrar e sair a hora que querem. Mariazinha, entre outras coisas, tem isso. Ela é uma pessoa surpreendente. Eu digo “pessoa” como recurso de criação literária – todo bom escritor sabe como aproximar o leitor – porque Mariazinha, na verdade, é algo de outro planeta. É um ET, então! Não, não fuja. Ela não tem cara de ET. É até bonita. Tem curvas perfeitas e é muito, muito esperta. Cansou de andar a pé e de ver, em cada esquina, aquele monte de gente parecendo diferente mas com a mesma cara correndo de um lado para outro sempre à procura de. À procura da felicidade, do relógio perdido, do amor que não vem, da comida que falta, da música que já tocou, do filme com final feliz, do dinheiro que não dá, da lágrima que já rolou. À procura disso, daquilo e de mais um pouco... Não estar à procura faz de Mariazinha diferente. Mas ela não estressou, não. O estresse contribui para um futuro surgimento do mal de alzhaimer. “No stress” passou a ser o seu lema a partir do momento que ouviu o triste decreto. Só que era preciso mais. Mariazinha decidiu que jamais andaria em terra firme outra vez: nem à pé, nem de táxi, muito menos de ônibus. Ela encomendou um balão em uma daquelas esquinas por onde passa tanta gente diferente e igual ao mesmo tempo. O tempo agora era de liberdade. Enfeitou o tal balão com laçinhos cor-de-rosa, espalhou algumas flores, desenhou vários arco-íris por lá e colou uma jujuba em cada cantinho do balão. Moderna, não esqueceu o seu mp4, seu diário de bordo e seu livro preferido. Em sendo diferente, Mariazinha faz tudo igual todos os dias. Continuou suas atividades normalmente. Ela só não se preocupa se o gramado do vizinho é mais verde e nem procura coisas. O que mudou mesmo é que ela aprendeu a voar. Toda vez que ela se sente só no meio de toda aquela gente, ela entra no balão e sai daquela mesma cena. Troca de cenário e vê o mundo de onde tudo parece perfeito. Como um grande formigueiro, um dos sistemas mais perfeitos no mundo animal.
Zélia
domingo, 4 de novembro de 2007
Do Pensar ao Dispensar
Pensar
e
Dispensar
fazem parte de meu
cotidiano
Penso
no amor
na família
na natureza
no trabalho
na vida
no livro
no lixo
no luxo
na saúde
na doença
no filme
no poema
na canção
na injustiça
na fome
na morte
Dispenso
tudo que causa
dor
tristeza
angústia
Sigo meus dias
sem fingimento
- só representação –
Feliz
na medida exata
Sonhando
com um mundo
transformado
em meu...
Zélia