domingo, 27 de janeiro de 2008

Pulso em Pulsão

Pensei ser longo o caminho que me traria até aqui. Engano meu! As pessoas são tão iguais e tão previsíveis. Não há mais por que nos surpreendermos com isso. Surpreendo-me ainda, às vezes. Talvez seja a ingenuidade que acredito não ter mais que me traz esse sentimento. Sinal de que apesar da necessidade dos óculos, ainda vejo bem. Embora quase só, suspiro aliviado no final. Assim aliviado... só aliviado. Sem pretensões. No fingir, o eu é, verdadeiramente, o único prejudicado. Ainda vejo tantas janelas fechadas. Não há luz que entre se não abrirmos o caminho.

Zélia









Photo by doorstopP

sábado, 26 de janeiro de 2008

Mundomática

Meu mundo há muito
Não é de faz de conta.
É de contas!
Quantas vezes
O meu despertador me dá bom dia
Conto
E vou seguindo...

Zélia








Photo by The Heart








Estas inscrições já estão publicadas em nosso "mundo cósmico" mas elas chegam até essas paredes para re-leitura(s) e, portanto, novos caminhos...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Love and the needful drug

The doors of perception
Are missing
Every self
Taking the wrong way
My self
Your self
All selfs
As I walk
Through the fields
Life lines
If I’m not alone
That’s fine
All right
In this hard daynight
I can’t get to sleep but
I have some dreams
Falling out of my hair too


Zélia











Photo by Ploop26

sábado, 19 de janeiro de 2008

Introdução

Minh’alma resolveu acordar mais cedo hoje. Justo hoje que pretendia nem ver a lua sair. Pensava em pegar o segundo sol. Inquieta, acordou-me também. Não suportava mais aquele sentimento sombrio e frio nem a dor de quem chora o adeus a um ente querido que me acompanhavam desde já nem lembro mais. Tirou-me para uma conversa. Sentamos, ela e eu, à beira de um riacho translúcido, cheio de peixinhos engraçados. Pareciam feitos de algodão e terem os olhinhos de jujuba. O riacho, os peixes e mais umas flores de colorido intenso, serviram de vista para o cenário no qual nos encontrávamos. Duas pedras menores nos serviam de banquinhos e outra maior ficava ao centro. Não comemos nada mas havia, em uma bandeja, duas xícaras e um bule com um tipo de chá ou elixir. Não era feito de ambrosia, supus. Sou um simples mortal. Ela, Minh’alma, disse tratar-se de um licor especial. A primeira pergunta que ela me fez foi a de quem havia me ensinado a representar todo aquele sofrimento. Não soube a resposta. Como criança em fase de desenvolvimento, apenas imitava, e somava, o que via ao meu redor. Sem noção e sem a medida exata, acabara por exagerar no meu dramático monólogo. Depois, ela quis saber sobre meus cegos olhos que não me permitiam ver tudo que me cabia. “A vida não se resume a um ato.” Completou antes que eu pudesse responder o que não sabia. E, na intenção de me aproximar de minha realidade romântica, incluiu: “Muito menos a uma estrofe. A vida está mais para uma epopéia inacabada.” Talvez, eu me faça tantas perguntas que me pe(r)co nas respostas. Realidade. A palavra que ficou em meu pensamento. Sei que na intenção de transformá-la, não vivo à minha. Vivo em fantasia. É difícil representar o tempo todo. Por isso, os sonhos. Sei que alguns devem permanecer secretos, guardados, dando vida ao nosso imaginário. Mas seria errado transformar fantasia em realidade? “Não.” Respondeu Minh’alma. Eu falava alto, como em meu monólogo habitual e nem percebera. “Dentro de você está a resposta. A questão está em dar vida ao que sonhamos – guardemos apenas o necessário para alimentar a imaginação. Do contrário, nossos sonhos se perderão no vento. Viveremos, então, em busca do que não se pode alcançar. Não é justo renegar o que temos em favor do que poderíamos ou do que pensamos que poderíamos ter. Do que está a nossa volta, tiremos a porção que nos cabe. Busquemos o que falta e usemos o nosso poder de discernimento para entender o que não nos cabe mais, o que nunca coube e o que jamais caberá.” Não sei o que sempre me faltou para entender o óbvio: o mundo não está contra mim. Eu é que estou contra ele. Quem sabe o tal licor me abrira os olhos finalmente? “Aquele licor especial é o licor que dá vida. E ninguém precisa do sobrenatural para alcançá-lo. Basta colhe-lo nas flores, no beijo sincero, no abraço amigo, na palavra escrita, no canto de liberdade.” Eu sabia estar diferente à partir dali. Minh’alma me deixara sem mais nada dizer. De volta ao meu quarto, sentado na cama, via um mundo diferente pela janela. Não o que passava em câmera lenta mas o que contava os segundos, encurtando a vida. Para mim, que (re)nascera, menos tempo tinha para realizar meus feitos em cada canto da epopéia que começara a narrar...


Zélia






Photo by *pesare