terça-feira, 2 de outubro de 2007

Meu Diário...

Coisa antiga escrever diário, mas vivo dessas coisas antigas. Acho até que todos vivemos do momento que passou. São músicas e enormes textos que tratam do assunto. Também vivemos das fotos e recortes de jornal. Mas não é sobre isso que quero escrever. Já passou a vontade e acredito que retardar o passo nos torna um bando de relógios atrasados. Já fui relógio atrasado - hoje sou o passo adiante e olho distante p'ra alcançar o infinito. Hoje acordei querendo dormir um pouco mais e esse excesso de sono é o meu legado. Renovo minha contagem e meu egoísmo de quem compra um ingresso único e solitário. Mas também discordo da solidão. Vive só quem expulsa até a própria sombra. Para mim, criança crescida, nunca teremos essa chance de estarmos sós e a sós. Entre o silêncio de fim de música e o silêncio de fim de mundo, vem sempre o ruído alheio e esse é o estandarte da solidão que não existe. Também temos pensamentos que não nos deixam e a vontade de ser um dia qualquer. Calendários intermináveis somos todos e a verdade universal é que nem mesmo as estátuas vivem só. Tem sempre alguém por perto. Um mendigo qualquer, alguém fumando um cigarro e os carros que se desfazem em fumaça. Solidão é faz-de-conta. Nunca estamos sós. Nunca estaremos. Temos como companhia a correria e as chances que nos escapam. Sem esquecer que a solidão também é companhia - tardia ou não, lá está ela. Bem sentada e sorrindo - nosso bicho de estimação.

Alice