sábado, 23 de maio de 2009

À procura de um poema

“Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes mesmo de existirem do lado de fora.”

Rubem Alves in: Jardins


Hoje eu sou mais Eu. Um Eu mais inteiro em busca da minha completude infinita. Chove desde ontem – por Deus comprei uma sombrinha, finalmente. Acordei cedo mas não fui trabalhar. A água inundou a cidade. A Senhora do Tempo havia avisado: “Chove durante todo o fim de semana”. Precipitações de todas as formas e cores: chuva orográfica, de convecção, frontal, ácida. A chuva é como uma faca de dois gumes. Ora, lava e leva tudo que encontra pelo caminho. Ora, lava e faz nascer. “Dia de chuva”, falava a minha avó, “é um bom dia para se preparar um jardim para nascer”. Claro! Na busca pela minha completude infinita, estão os jardins. Quero sempre jardins novos. Jardins maiores. Jardins floridos. Jardins de mim. Arregaço as mangas e corro para a terra. Semente acariciada e colocada no ventre de jardins. Chuva, agora, líquido amniótico que alimenta sonhos e sementes. Espero meu jardim crescer e florescer aqui fora. Embora ele já exista em meus sonhos... Margaridas, Rosas, Orquídeas cheias de Nove horas, Angélicas, Gardênias, Girassóis, Chuvas de prata em Copos de leite, Narcisos, Flores - de - lis, Hortênsias, Bonsais também, Marias - sem - vergonha, Tulipas de vinho doce, Flores tropicais, Magnólias, Crisântemos, Flor de princesa, Flor de botãozinho, Espadas de São Jorge para as lutas, Açucenas, Violetas, Jasmins, Flores de lótus, Dálias, Papoulas, Amores perfeitos, flores para homenagear aos que chegam e dar adeus aos que partem. Flores para mim! Flores para que eu veja sempre um poema aonde quer que eu olhe.