quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Portador de consciência

Ao atirar-me pela janela abarco o mundo todo com as mãos. É lá fora, no mundo, que posso usar dos personagens que alimento. É quando posso ser contente para me juntar aos que riem. É quando posso chorar para dividir a dor com aqueles que a sentem. É quando posso ser General de guerra para combater o mal. É quando posso ser professor e te ensinar a dar nó em pingo d’água. É quando posso ser bruxa e te dar a maçã envenenada. É quando posso ser cantor e te cantar uma canção. É quando posso ser poeta e te declamar meus versos desalinhados. É quando posso ser astronauta e te levar para catar estrelas. É quando posso ser cientista e descobrir a cura do teu mal. É quando posso ser chato e te dizer para não fazer o que queres. É quando posso ser tua mãe e te botar de castigo. É quando posso ser Cérbero e não te deixar sair do inferno que nos rodeia. É quando posso ser deus e te recriar. Ao jogar-me de volta ao meu quarto, eu sou apenas eu. Sacola de virtudes e defeitos, flor de Narciso sem todas as pétalas, mulher e mãe de todos os filhos, escritora sem par, caçadora que devolve borboletas ao ar. Simplesmente eu e não quem você quer que eu seja.
 



Image by  Pocket Zoo on DeviantArt