quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Discórdia

Quem dita o destino de cada um? Quem é esse deus supremo a quem nem mesmo Zeus tem acesso? Por que devo entregar meus sabores e dissabores nas mãos de três irmãs cegas? Por que devo seguir uma estrada escura e tenebrosa quando posso seguir uma estrada de tijolos amarelos? Talvez, o Destino seja mesmo imutável. Talvez, seja aleatória a escolha de quem vai ser bom ou ruim. De quem vai servir aos outros e de quem vai pensar apenas em si. Pobre de ti, ínfima criatura. Caístes nas garras de Discórdia. Oposta a Harmonia, Éris alimenta-se em causar separação, afastamento. Pobre de tua sina, ínfima criatura. Escolheram por teu destino ser instrumento da filha de Nix. Pobre de ti que não percebes que ficas mais só a cada Pomo da Discórdia que entregas. Pobre de ti que não lutas contra o teu destino. Antes morrer que viver a semear Discórdia.





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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Delírio


Saudade dilacera
CORAÇÃO
Machado que corta
ÁRVORE
Sem se importar com seu
PRANTO
Brinca em teu espírito o
TEMPO
Mostras-me em
SONHO
O antes e o ontem
SABER
É desejo que arde e
QUEIMA
Por onde
ANDA
A tua face de
AGORA?

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Alma mater

Meus poemas não tem história,
não tem construção.
São apenas palavras geradas,
a-mar-ra-das
e soltas dentro de um vulcão.

O traçado da viagem que faça você...




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sábado, 11 de setembro de 2010

Dialética

A partir da idéia que o indivíduo não nos é dado, acho que há apenas uma
conseqüência prática: temos que criar a nós mesmos como uma obra de arte.
Michel Foucault




Canto a felicidade que emana de minha liberdade.

Liberdade mergulhada na filosofia de Foucault.

Liberdade batizada no gnôthi seauton.

Liberdade de quem conhece a si mesmo e as relações de poder que o cercam. 

Uso minha liberdade.

Sou escritora de narrativas desgarradas e poemas soltos.

Sou mãe sem amarras. 

Mulher que deseja corpo.

Criatura que se deixa viver. 

Falante que esquece vírgulas.

 Obra de arte pintada por suas próprias mãos.





Image by Pis7Li on DeviantArt



http://www.youtube.com/watch?v=qujfdzLJPyU&ob=av2e

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Count the colors in your bedroom


To see the Summer Sky
Is Poetry, though never in a Book it lie -
True Poems flee –
(Emily Dickinson)



Though it’s dark outside
You have a rainbow of your own
Never forget to look inside
The walls surrounding you







Image by ~CaterpillarOfAngst on DeviantArt

sábado, 4 de setembro de 2010

Nota ao rei da Noruega



As coisas terminam
Quando acabam
É o rio que perdeu
Suas águas
A labareda que ficou
Sem a chama

O prato com sobras
De comida sobre a mesa
Já não a fome sacia
O calor evapora o vinho caro
Dentro de taça chinfrim

Sexo barato deixa asco
Rasgo trapos que me destes
Sigo nua noite adentro
Descanso em corpo ardente

Amanheço antes do sol
Sandálias nas mãos
Uma carta rasgada
Momus não reconheço mais



Image by ~winiP on DeviantArt