Pertenço à constelação de Antúrios. Nasci do amor desesperado e descomedido de meu pai e de minha mãe. Recusei-me a carregar a culpa pelo Pecado Original e pelo pecado que deu origem a mim. Meu pecado originou-se quando passei a perceber a tua presença. Todos os dias, mesmo local, ponteiros de relógios sincronizados. Coisa de Deus, de Amor ou do Destino? Foi como tinha de ser. Coisa sua e minha. Tive minha estrutura de castelo medieval totalmente abalada. Tanto tempo sem sentir o coração disparar e as mãos lavadas com suor frio. Não hesitei. Do suor líquido ao suor em vapor. Não me importava mais me entrelaçar em dejetos de nitrogênio ou do que quer que fosse. De santa, rebaixei-me a mulher adúltera por completo. Nessa vida é melhor viver em pecado que em santidade. A santidade cansa. É tudo muito justo para as minhas formas disformes. O pecado é saboroso. É duplo. É perverso. É razão sem balança. É minha liberdade em novelo que corre solto. E, você, é o diabo revestido de anjo. Acontece que a fantasia não lhe caiu tão bem, meu bem. Anjo de olhar cortante, porte atleta e língua solta, não são fabricados. Isso é coisa do diabo. Pois que seja. Meu calendário só me mostra o dia de hoje. O meu momento é agora. Clichê, mas, cheio. Cheio de mim e de você e de tudo que nos condena em segundos de uma vida inteira.
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