domingo, 5 de outubro de 2008

Flores de primavera e aço de abrigo


"O sábio nunca diz tudo que pensa,
mas pensa sempre tudo que diz."

Aristóteles

O escritor, todo aquele que organiza letras para expressar sentimento, não escreve para ninguém. Escreve para qualquer um, em qualquer lugar, a qualquer hora e sobre qualquer coisa. Eu sou do avesso. Não estou! Nunca fui de olhar o mundo com olhos de quem teve o brinquedo roubado. Ao contrário, vejo o mundo com o sorriso de criança que recebe seu sorvete preferido. Se sinto tristeza e dor, se choro ou se me deprimo? Sempre que não encontro meus sapatos! Depois, tudo passa como tempestade de verão. Fica a terra encharcada. Mas ela seca logo. Tem que ser assim. Quem não acompanha os segundos se perde no Tempo. Não quero as pontes de onde possa me atirar nem sentir o peso de pedras em meu pescoço. Quero o pote de ouro ao final do arco-íris e um jardim que eu possa regar ao final da tarde. Além do aconchego do Amor que encontrou meu sorriso, herança da minha avó materna. Se é tudo perfeito? Não! A perfeição é a negação do humano e eu sou humana-normal. Sou normal do avesso. Falo de duas a três porções mais do que come um elefante. Mas só quando reverbero. Assim vivo! Não há por que dar ou receber explicações. Somos moldes únicos de uma pesquisa ainda em desenvolvimento. Chamo Felicidade a joaninha que vem à minha janela todos os dias. Se esse não for seu nome, que seja outro. Enquanto ela continuar atendendo meus pedidos, esse será seu nome. O meu, será Harmônica.


"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é."

Caetano Veloso




Zélia

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Os Olhos de Deus


















O que vejo é a própria Nýks em sua forma mais pura e suprema. Seu longo manto negro coberto por variadas formas de feixes de luzes, dá o sinal de que em tudo há vida. É no escuro que a conspiração ganha corpo para que a vida se manifeste. Vida que gera vida. Luz dentro do escuro. Lua e sol inseparáveis. Estrada construída em cometas coloridos e meus sapatos não são vermelhos. Que importa? Descalço, encontro a paz que, às vezes, falta em minha divindade ao deitar em minha casa de telhado de vidro. Abro os braços, sou o dono do mundo.


Zélia


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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Eloqüência Níobiana

A minha eloqüência
Emite o canto de uma rocha
Firme mulher que chora
Castigada pelos céus
Por seu orgulho


Zélia




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sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Ontem para como hoje

A casa, agora, tinha janelas azuis. Isso indica alguma mudança? Fisicamente falando, sim. Interiormente, espiritualmente ou intelectualmente falando, será? Certamente que sim, também! Mudamos quando cai um simples e único fio de cabelo nosso. Mudamos quando a chuva inunda o quarto, mudamos quando um caminhão nos leva todos os nossos brinquedos, mudamos quando pêlos crescem, mudamos quando o mundo fica vermelho, mudamos quando lembramos que éramos seis ou oito ou dez, mudamos quando nos tornamos um – não serei mais eu mesma? -, mudamos quando somamos e mudamos quando não somamos, mudamos por não entregarmos nossas cabeças em bandejas, mudamos quando paramos, mudamos quando remontamos a sopa de letrinhas, mudamos quando soltamos as notas musicais, mudamos quando alteramos o movimento de translação, mudamos quando caímos de costas. Toda mudança é processo. Mudo, me transformo e não deixo de ser Eu. Sou eu ainda e sempre. Renovada como as folhas de uma árvore no outono. Esqueço de mim, às vezes. Mas o lembrar de mim, me transforma em Fênix. Sou a mesma essência de fragrância a combinar com cada estação.


Zélia
























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