quinta-feira, 8 de março de 2012

Eu não sou


Em muitos momentos da minha vida eu gostaria de ter sido aquele personagem gostosão que se veem aos montes no cinema e na televisão: descolado, conquistador, bonitão, gente fina, o que sempre acerta ou o que, quando erra, consegue virar o jogo. Durante muito tempo, acho que dos 21 aos 35 anos, mais ou menos, eu achei que fosse essa figura. Hoje é só uma imagem que eu queria que fosse eu. Mas não é.
Conheci muitas pessoas que se enquadram nesse perfil e quando as encontrava as invejava com todas as forças e fraquezas do meu espírito. Hoje eu as entendo, apenas. Talvez ainda as inveje, mas não é nada que consuma meus dias. Agora meus dias são consumidos pela dúvida e pelo medo. No meu principal texto, musicado pelo Na Cabeça do Tempo, eu me descrevo como “um monstro de luxúria e medo”. Não existe definição melhor para mim. Tenho medo de muitas coisas e sou fraco. Não resisto a pressões e não consigo vencer o meu maior inimigo que sou eu mesmo. Também não sei se isso é um problema ou uma solução.
Tenho ainda muito orgulho de mim pelo fato de estar sempre tentando corrigir os muitos defeitos da minha constituição subjetiva. Eu sei que todos têm defeitos, mas também sei que só quem sabe o que é conviver comigo sou eu. Talvez um psicanalista ao ler esse texto possa descrever um perfil da minha personalidade ou descobrir alguma patologia, mas isso não chega nem perto de saber quem eu sou ou quem eu não sou.
Todavia, não é por ser esse ser humano perturbado que eu não seja feliz. Cometi muito mais erros do que eu gostaria de admitir e perdi todas as chances possíveis de ter uma vida economicamente estável. Mas cometi o maior acerto de todos que foi escolher a companheira ideal para a minha vida de fraquezas e divagações. Alguém que me ama apesar de mim. Tenho certeza de que isso fez muita diferença.
Para que não se diga que são só fugas, posso dizer que pelo menos eu enfrento o medo do jeito que consigo. Se venço ou perco é só detalhe. Pobre homem feito de sangue e carne como todos os outros.
Não sou o personagem gostosão do cinema, não sou o vencedor. Sou o homem que ama, vive e luta apesar de ter tanto medo da derrota que tem um medo ainda maior de tentar a vitória. Mas tenta!
Quanto à luxúria, é outra história. No próximo eu conto.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ES - PA - ÇOS

Sala – Sofá – Quarto – Cama – Banheiro – Privada – Cozinha – Geladeira – Quintal – Varal – Pessoa – Coração – Livro – Página – Canto – Vazio.


Image by Seed on DeviantArt.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Summertime is in bloom!!!

Estava ouvindo uma música do Midnight Oil chamada Surf’s up tonight. Há um trecho em que a letra diz que há um lugar onde você pode jogar as coisas ruins fora. A letra fala do mar, sobre surfar e coisas assim. Aí ela fala que nesse lugar você pode ficar alto e então você sente que está vivo. Ou seja, subir na onda surfando, ficar alto, por aí. Só que quando ela fala em ficar alto eu só penso na elevação da embriaguez. Abro uma latinha que se tornam quatro, fumo um cigarro que viram quatro e o monstro de luxúria e medo está vivo novamente. Holly shit!!!


 Foto de acervo particular.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O leão branco e a minha consciência turva





Três colheres de açúcar para adoçar o café. Sem parar penso que estou usando mais açúcar e tomando mais café. Misturado o açúcar, o café desce goela abaixo enquanto eu não me importo com quilos extras e ansiedade exacerbada. Dias de tempos incomuns. Minha cabeça me lembra de algo como afazeres domésticos a realizar, contas a pagar e tarefa escolar a preparar. Pego este pensamento maligno, amasso e jogo fora como folha de papel que perdeu a serventia. A lembrança de minha determinação em reciclar papel sequer passa pela minha cabeça. Quero é deitar na relva e me rebelar. Esqueço, por um momento, que paro, penso, peso, pondero. Volta o pensamento. Afasto o pensamento. Devo ter enlouquecido de vez. Talvez esteja assumindo minha psicopatia há tanto abafada por meu comportamento que faz de mim prisioneira de mim mesma. Eis que me aparece um leão. Não é um leão comum. É um leão branco fugido do grupo dos únicos trezentos leões brancos existentes no mundo. Não! Nada é parecido com um filme. O leão é de verdade e grande. Muito grande. Pelo branco como a neve e olhos, de tão acinzentados, opacos. Ele para diante de mim. Sua beleza é inebriante. Nossos olhares se fixam. Não sei o que ele pensa. Quanto a mim, meu desejo é agarrá-lo e fazer dele meu bichinho de pelúcia. Par perfeito para o meu dia na relva. Dou o primeiro passo. Depois, o segundo. Um instante. O leão não é um de meus animais de estimação. O leão é um animal selvagem e feroz do qual se deve manter distancia. Um segundo. Corro ao encontro daquele leão branco chumaço de algodão. Agarro-me com ele. Ficamos os dois rolando na relva e o mundo acaba antes de 21 de dezembro de 2012. 





Image by MinnemannE on DeviantArt





De volta ao lar, FELIZ 2012!