Ao reinventar minha vida, tudo igual. Um pouco mais de ervas aqui e ali e só. Com uma caixa de lápis nas mãos, pinto o arco-íris que quiser.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Sinal dos anos que se arrastam como estrelas cadentes
E já não sei mais brincar com as palavras
Como fazia quando era criança
Tenho uma janela aberta para tudo que sempre quis
E não vejo mais razão em tantas coisas
Talvez a vida tenha me transformado num ser insensível
Talvez seja o momento de voltar a escrever aquilo que sinto
E o que sinto nesse momento é que muitas coisas me preocupam:
O pão de cada dia
Regado a muitos litros de álcool;
As canções que eu gostaria de saber tocar
E que ninguém está interessado em ouvir;
As contas, os bancos e seus cartões de crédito;
Ser um número e não ser uma palavra...
Ah! Eu amo a imperfeição das palavras,
Que nunca conseguem conter todos os significados
Mas admiro mesmo a capacidade que temos de fazê-las ganhar vida (ou morte)
Acho lindo que um novo sujeito surja a cada significante
Apesar de não saber aonde esse conhecimento vai me levar
É isso mesmo:
Antes eu já acreditei no saber pelo saber
Hoje já não sei mais
Vinte anos atrás eu estava tão certo de tudo
E hoje não sei mais nada
As únicas palavras que podem, nesse momento, descrever um único byte do que sinto
É que quero “me embriagar até que alguém me esqueça*”.
Júljan – 31/12/07
* Chico Buarque de Holanda in: Cálice
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Khrónos
Zélia
Photo by ElectronCloud
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Comédia
sábado, 15 de dezembro de 2007
Ensaiando Pessoa
Você aí
Que diz que o amor é o sentimento que move o mundo,
Não conhece o amor que te vira as costas.
O amor que sinto aqui dentro
Fere, dilacera, corta o peito.
Só não me mata de vez.
Deixa-me viver (?) para fazer-me lembrar, a todo instante,
O vazio que você deixou.
Confesso que em um momento de loucura – ou lucidez -
Cortei teus retratos, rasguei teus livros, quebrei teus discos,
Queimei tuas cartas, joguei tuas roupas pela janela,
Derramei teu uísque.
Tudo em vão...
Teu rosto está estampado em minhas paredes,
Sei tuas estórias de cor,
As tuas músicas continuam tocando em meu rádio,
Tuas palavras são zumbidos em minha cabeça,
Tuas roupas ainda são as minhas,
Embriago-me com a tua bebida.
Amor? Conheço agora.
Esse monstro apocalíptico antecipou o meu juízo final.
Zélia
Photo by Nickixannx
Em menos de 20 minutos
Rígido e (im) perfeito:
Um novo poema escrito por mim
A cada dia...
Zélia
Photo by Shesutto
Bom, não sei se posso chamar de poema mas o texto que escrevi surgiu, como tantos outros, a partir de um Poema da Alice - postado logo abaixo deste.Viva a Bakhtin!Salvador daqueles que nascem ao final de cada texto...
Curta Metragem
O homem que amo tem as mãos curtas
Curta metragem de uma vida inteira
Anda como quem vê o horizonte chamar
Lobo benévolo
Corre o risco de me perder
E ergue o punhal das palavras
E ergue sua mansidão
Forte como açoite
Vive nas linhas de meu corpo
Tortuoso Monte Olimpo
Deus em Seu trono
E o homem que amo
O mortal supremo
O ritmo arabesco das tribos
Rígido e perfeito
Um poema escrito por mim.
Alice
Photo by pinkbaby
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
No break for teachers
Zélia
To all the lovely "crazy" teachers I've met at CECPLIN.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Às cartas não abertas
A lua do céu de Ismália
A lua vista da varanda da minha casa é um grande espetáculo. Todos os dias, o mesmo cenário: cenas diferentes. Mais um domingo, uma madrugada e ela estava surpreendentemente bela. Passei horas admirando-a e passaria ali todo o resto da minha vida. A mão de Deus a colocara naquele céu. Momento sublime em que nada me cabe a não ser a lua e tudo que ela me traz. Mas ela se vai e torna-se inevitável pensar em como somos menores. Alguns, ainda mesquinhos, egoístas, invejosos. Lembro de você no dia de hoje. De como insiste em julgar a mim, meus passos, meus amigos, meus amores. Não percebe que suas mal traçadas linhas e uso de ditos populares ultrapassados não me incomodam. Devo ficar é feliz se eu e meu mundo servimos de alimento para sua literatura já roída pelas traças. Está na bíblia: “fazei o bem sem olhar a quem”. Faz-se noite outra vez. Em minha torre, vejo apenas uma lua agora. Talvez me falte a loucura. Talvez me falte o mar. Não mergulho. Mas corro ao encontro da mesma lua no céu da menina naquela torre em sonhos loucos. Ganho asas e tudo se esvai...
Zélia
Para Letícia Palmeira ;)