Existem novas melodias em volta do meu espírito
E já não sei mais brincar com as palavras
Como fazia quando era criança
Tenho uma janela aberta para tudo que sempre quis
E não vejo mais razão em tantas coisas
Talvez a vida tenha me transformado num ser insensível
Talvez seja o momento de voltar a escrever aquilo que sinto
E o que sinto nesse momento é que muitas coisas me preocupam:
O pão de cada dia
Regado a muitos litros de álcool;
As canções que eu gostaria de saber tocar
E que ninguém está interessado em ouvir;
As contas, os bancos e seus cartões de crédito;
Ser um número e não ser uma palavra...
Ah! Eu amo a imperfeição das palavras,
Que nunca conseguem conter todos os significados
Mas admiro mesmo a capacidade que temos de fazê-las ganhar vida (ou morte)
Acho lindo que um novo sujeito surja a cada significante
Apesar de não saber aonde esse conhecimento vai me levar
É isso mesmo:
Antes eu já acreditei no saber pelo saber
Hoje já não sei mais
Vinte anos atrás eu estava tão certo de tudo
E hoje não sei mais nada
As únicas palavras que podem, nesse momento, descrever um único byte do que sinto
É que quero “me embriagar até que alguém me esqueça*”.
Júljan – 31/12/07
* Chico Buarque de Holanda in: Cálice