sábado, 23 de janeiro de 2010

Amor de poesia

Ela me deu poesia. Eu não li. Não consigo decifrar linhas. Que dirá entrelinhas! Quando não se sabe ler, há sempre um preço a se pagar. Ela parte, fico eu, desfaz-se o nós. Sozinho, vejo de volta um mundo que só agora descubro. Frio, escuro, flores murchas na janela, céu sem arco-íris, pedra que não verte água. No chão, pegadas que não me deixam esquecer uma direção. Linha reta transformada em estrada sinuosa de meu tormento. Não soube ler poesia. Ela inteiro, eu pedaço, partes à parte. Aceito a minha morte por desamor a poesia. Toda poesia é amor. Não se recusa amor.