1980 e alguma coisa. Quando eu era criança junto com as minhas irmãs, nosso passatempo preferido era nos imaginar nos anos 2000. Em nossos espelhos nos víamos sempre felizes, casadas e cheias de filhos. Igual a nossa mãe e tias. Na época, eu não tinha idéia do que isso representava. Só hoje me dei conta de que estávamos projetando para nós o mesmo futuro da mãe e tias que tínhamos. Estereótipos da “mulher perfeita”. Casa, marido e filhos para cuidar. Não fosse o Tempo a nos mostrar que podemos vestir fantasias diferentes a cada vez que olhamos em um espelho, pobre de nós!
2000 e alguma coisa. Chegamos aqui. Não somos mais crianças. Percebo que aprendemos algumas coisas ao nos vermos no espelho em tantas formas diferentes. Aprendemos coisas diferentes também. Uma de minhas irmãs é que não aprendeu muita coisa. Vive numa realidade alternativa só dela e de meia dúzia de pessoas que ela chama de amigos. Não somos “mulheres perfeitas”. Talvez, porque não temos os maridos perfeitos. Três estão casadas mas só uma tem filhos. Apenas dois. Minha mãe não tem tantos netos quanto tinha a minha avó. Nem minhas tias. Aprendemos que quanto menos filhos melhor e que mulher vive sem marido. Não tenho filhos. “E não sei mais se é só questão de sorte”.* O que vejo é que os anos esperados nos tiraram muito mais coisas que conseguimos prever...
2000 e alguma coisa. Chegamos aqui. Não somos mais crianças. Percebo que aprendemos algumas coisas ao nos vermos no espelho em tantas formas diferentes. Aprendemos coisas diferentes também. Uma de minhas irmãs é que não aprendeu muita coisa. Vive numa realidade alternativa só dela e de meia dúzia de pessoas que ela chama de amigos. Não somos “mulheres perfeitas”. Talvez, porque não temos os maridos perfeitos. Três estão casadas mas só uma tem filhos. Apenas dois. Minha mãe não tem tantos netos quanto tinha a minha avó. Nem minhas tias. Aprendemos que quanto menos filhos melhor e que mulher vive sem marido. Não tenho filhos. “E não sei mais se é só questão de sorte”.* O que vejo é que os anos esperados nos tiraram muito mais coisas que conseguimos prever...
* Renato Russo em: L’Âge D’Or
Foto de acervo particular.