quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Mulher que me contava histórias

Nascemos em épocas diferentes, embora, não tão distantes que nossos Destinos não pudessem se cruzar. O encontro entre Marina e eu estava selado.

Notícia na TV: Entre os dias 20 e 28 de novembro deste ano, acontece o 1º Salão Internacional do Livro da Paraíba – Leitura Para Todos, uma iniciativa do Governo do Estado, Ministério da Cultura e SEBRAE. Evento interessante para quem gosta de ler e escrever.

Surgiu o desejo. No entanto, a minha agenda não me deixou sequer saber mais do evento até que o calendário marcou o dia de hoje. Conversa matutina sobre o evento e eu sigo para olhar a programação. Era dia de conversa com Marina Colasanti. Eu deveria ir. Não apenas por gostar de ler e escrever, não apenas pelo motivo mais forte que me liga a ela (do qual falarei adiante) e sim porque é dever de todo apreciador ou estudioso de literatura, formalmente ou não, prestigiar aqueles que fazem a literatura de um povo. Quase não fui, mas cheguei lá. Era nosso Destino.

Não há necessidade aqui de que eu fale do quanto é prazeroso, curioso, vibrante ouvir alguém que mexe com as palavras e que está na capa do livro falar de seu ofício. Foi uma conversa agradabilíssima em que o tempo parou ao ouvirmos Marina apresentar seu novo livro, Passageira em Trânsito (Livro de poemas onde ela retoma suas memórias de criança nascida na África, criada na Itália de onde emigrou para o Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial). Passageira em Trânsito foi o ticket para a viagem ao mundo encantado da Marina. Ao contar algumas de suas memórias ela nos levou a viajar por toda a sua obra, contando-nos um pouco da sua maneira de criar, de quem é a Marina pessoa e a Marina escritora.

O sorvete no final do passeio foi o melhor momento do nosso encontro. Sabe aquele sorvete que criança ganha depois de aperrear bem muito? Meu sorvete foi o momento em que pude falar para a escritora, ganhadora de quatro prêmios Jabuti (o último na categoria Poesia por Passageira em Trânsito) que eu tenho pelo menos um jabuti aqui em casa de nome Donatelo e apelidado por Rubinho. Hehehehe! Não. Nada disso. O meu sorvete de fim de passeio foi poder dar um abraço e dizer aquela figura o quanto ela foi importante na minha vida como leitora e ,certamente, como escritora (no sentido de quem sabe organizar palavras no papel).

Logo no começo da conversa, Marina falou de não se lembrar dela como não-leitora, pois que, em sua casa, qualquer um podia ser escritor. Todos sempre leram e escreviam bem. Então, eu me lembrei de mim enquanto criança e daquilo que eu lia numa casa em que quase ninguém lia, muito menos escrevia. Não vem ao caso falar de que livros eu li primeiro ou de como comecei a ler. Na verdade, eu não lembro muita coisa. Lembro de um nome: Marina Colasanti. Minhas primeiras leituras remetem a esse nome. E um nome era tudo que a escritora era para mim. Ela não tinha um rosto nem um corpo. Tudo que eu sabia ao ler ou ouvir aquele nome era que aquela era “a mulher que me contava histórias”.

Com o tempo, aquele nome passou a ter rosto e corpo. Porém, o que estava diante de mim, hoje, era mais que um nome, mais que um rosto, mais que um corpo. Diante de mim estava o despertador de todo o imaginário que há em mim. E ela ainda disse que adorou saber que fazia parte da minha vida de forma tão especial. Ai, ai...

Suspiro.