Ela, falante. Braços abertos para carregar o que é seu e, também, o que não é. Não foi sempre assim. Aprendeu que, quanto mais os braços ela esticava, mais coisas ali cabiam. Anda pendendo de um lado a outro de tanta coisa que carrega. Sorriso constante nos lábios, ele se apaixonou por ela. Ela sorriu e o carregou. Coube direitinho em seus braços abarrotados. Ela viu o que outros não viam. Juntaram-se e ele aprendeu a esticar os braços e a carregar coisas.
Ele, cantante. Voz berrante a clamar contra paradigmas. De berro em berro, a construção de um ser em outros seres. Foi sempre assim. Porte viril e camisa amarela, ela já estava apaixonada por ele. Ele dobrou o joelho e a segurou pela mão. Presos ficaram. Juntos já estavam e ela aprendeu a deixar algumas coisas pelo caminho.
Orquídeas, coloridas. Enfeitam, pelo lado de fora, as janelas da casa onde moram. Fortes de caras frágeis. São como eles. Precisam ser cultivadas. Têm vida longa. Dão gosto aromatizado as bocas e saciam fome de quem sabe comer - Os excessos escapam a qualquer humano. Apenas se diferenciam pelos órkhis que apresentam. Insetos só polinizam flores.
Bichos, soltos. Alegram a casa de dia e de noite. São como as orquídeas. Precisam ser cuidados. A vida, para eles, não é tão longa. Abraço apressado de aconchego que afaga a alma. Sacia vontade. Estima e ação. Combinação perfeita em um mundo que se constrói. O tempo é sempre novo de novo quando o amor é cachoeira. Água que lava, alimenta e faz viver.
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