Moro em uma casa que não me pertence. Roupas, sapatos, poeira, traças e teias de aranha tomam conta de tudo. Entro e saio e o amontoado de coisas continua lá. Crescendo. Assim como se tivesse vida. Tem um ditado que diz – tem ditado para tudo nesse mundo. A sabedoria popular deveria ser mais sábia, então. – “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa”. Olho o relógio toda vez que entro em casa. Não sei, ao certo, se para saber quanto tempo eu gastei fora ou se para saber quanto tempo me resta em casa até o dia seguinte. 22h44min de uma noite de um dia qualquer. Não me importo muito com os dias. Eles me parecem todos iguais. Volto para casa do trabalho. Extremamente cansada, meu maior desejo se resume a um banho, um copo de leite e cama. Como se estivesse participando de uma maratona, ultrapasso os obstáculos que me impedem de alcançar meu desejo. Em meio ao trajeto, ouço música e risos. Olho para um lado, nada. Olho para o outro, nada. Quando bem em minha frente, um rato me estende um tapete vermelho. Ele havia me preparado uma festa em agradecimento ao primeiro aniversário de minha hospitalidade para com ele. Sem muito que dizer, larguei o peso que trazia em meus ombros e cai na farra.
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