sábado, 11 de janeiro de 2014

Quesito humanóide.

Eu não sou perfeita. Ninguém o é. Acredito que, bem lá no nosso íntimo, todos nós sabemos disso e conhecemos os defeitos que temos. O esforço que fazemos para encobri-los, vem da necessidade de nos fazermos iguais. Cabíveis as diferentes situações as quais nos submetemos. O mundo exige perfeição. A diferença entre uns e outros de nós está na intensidade do esforço que fazemos para ‘encobrir’ os defeitos que temos. Quanto maior o esforço, menor existo em mim. Por isso, eu não faço muita questão de esconder os defeitos que tenho. O que não quer dizer que me orgulhe deles. Não sou mais do tipo que finca o pé e diz: eu sou assim e não vou mudar. Eu cresci, eu mudei, eu mudo. Mudar é sinal de reforma, não de destruição. Todas as vezes que mudei permaneci em mim. Cada mudança fez de mim um eu melhorado. Embora distante, ainda, da perfeição – não almejada por mim, vale dizer. Abriu-se uma nova janela em minha vida. Ao olhar por essa janela, encontro muita gente que me diz que eu devo agradecer a todo instante por estar viva, por ter ganhado uma nova chance. Eu concordo e agradeço. Muito. Agradeço muito. Agradeço, principalmente, pelas pessoas ao meu redor. Por tudo que elas têm passado comigo sem nem ao menos terem pedido por isso. Mas a minha humanidade, às vezes, me permite entristecer. A minha humanidade permite que eu me aborreça, que eu me incomode, que eu sinta tolhida a liberdade que sempre me coube. PACIÊNCIA me diz o espelho. Eu sei. Tenho sido uma paciente bastante paciente. Apenas, humana. Nem demais nem de menos. Humana. Humana a ponto de perceber que me falta benevolência, por exemplo. Preciso ser mais benevolente. Benevolência não é submissão a tudo e a todos. Benevolência é benignidade. E eu preciso ser melhor. Preciso ampliar a bondade que há em mim. A bondade livre do egoísmo e do comodismo. Preciso entender as limitações do outro. Ter mais paciência com o que lhe falta. Não se trata de vender uma imagem ao mundo. A imagem da pessoa mais legal, mais otimista, que diz sim e não para agradar o outro. Trata-se de ver o mundo e viver mais digna e pacificamente. Não há o que compre a dignidade de um ser humano. Não há o que pague a paz que eu busco para sorrir e respirar aliviada. Nem que seja de hora em hora como um remédio fabricado cuidadosamente para preencher determinado quesito. Neste caso, eu sou o quesito. Quesito aberto. Específico sobre os mais variados aspectos. Contraditório? Não sei. Humanóide, melhor. 


Imagem: Night Walker/facebook.com