terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Entre um poema e outro e mais tantas linhas

Prezada Alice,


Há tempos andava ausente. Longe de meus papeis e a caneta de cor azul que traduz meu pensamento. Meu silêncio aparente não me deixou longe de ti. Continuei rindo, concordando, discordando, corrigindo e brigando contigo. Não vivo mais longe dos teus segredos revelados entre linhas. Hoje, não resisti. Quis chegar mais perto de ti e me revelar traduzida em palavras. Teu atrevimento me perturba justamente porque continuas a me fazer vomitar palavras, pensamentos, atos e orações. Ousaste demais em apontar-me o dedo:


"E quem é você que me olha enquanto tento escrever?"


Deste lado, quem ousaria responder tal questionamento? Será que sabemos a resposta? Talvez, eu pudesse fazer uso de sua "teoria do exagero" e tentar responder a essa questão. Mas acontece que as pessoas perderam mesmo a noção da medida - e não foi de hoje. Tudo parece ficar mais bonito se ornado com pétalas de rosas aos montes, bandeiras coloridas penduradas por todo lugar, confetes e serpentinas mesmo não sendo mais carnaval. Perdemos a nossa colher-medida, aquela mesma que as nossas avós usavam para preparar seus bolos com sabor de festa de criança. Ficamos com mais uma teoria em nossos bolsos a juntar-se com a teoria do conto, da relatividade, da evolução, da repressão, do complexo de Édipo, do utilitarianismo, do criacionismo, do conhecimento, do efeito fotoelétrico, a cognitiva, a psicanalítica de Freud, da aprendizagem, da constante cosmológica, do comportamento humano, da conspiração, da verdade. Mas espera aí... Qual é a verdade nisso mesmo? É que esqueceram da teoria da simplicidade. Mundo encharcado, caixas de sapatos abarrotadas.

Quanto a mim, vou saindo simples assim. Seria a própria teoria do exagero se tentasse responder quem eu sou...


Saudações literárias!

Sua amiga,

Sally







Photo by ploop26