“... eu espero por você
E não me canso de esperar
A porta aberta vou deixar
Se quiser pode voltar...”
(Fábio de Melo)
Aquele calendário insiste em determinar os dias que passam desde que você se foi. A minha luta com ele é constante porque o tempo que ele indica não faz jus ao sofrimento que carrego desde então. Tudo está diferente. Clichês como a vida continua, tudo passa ou o tempo tudo cura, não se aplicam a minha dor. Quando eu vejo flores em janelas, é em você que eu penso. Quando quero chamar por alguém, é o teu nome que vem à minha boca. Se quero comer um doce, vejo você escolhendo as frutas de acordo com a estação. O teu cheiro ainda está no corredor da casa, teus olhos me seguem aonde vou, tua roupa preferida tornou-se parte do meu roupeiro e meu cachorro, já velhinho, só encontra paz em teu quarto. Ontem, lembrei de você outra e outra vez. Lembro agora e lembrarei amanhã. O tempo já se faz tanto mas não é o suficiente para que eu não sofra mais ao enxergar você em meu pensamento. Paro e penso na minha fraqueza. Será? Seria tão mais fácil se eu pudesse virar a página do livro e a história evaporasse como fizeste. Acontece que eu viro a página mas a história é ainda a mesma. Você é parte da minha história e a minha história só terminará no dia em que eu cair dura de costas. Já rezei novenas aos montes para te esquecer. Nada. Desisto! Entrego-me agora ao meu pensar em você diário. Assim como o remédio que tomo todas as noites. Sou parte do todo que era quando estavas comigo. Fato. Jamais voltarei a ser aquela que eu era quando estavas comigo. Eu sei! Aceito a minha condição enquanto espero para, novamente, sentir o calor em teu peito exalando jasmim.
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