Faz tempo que nos encontramos embora nunca deixasse de te ver. Tu sempre estiveste em meu pensamento. Os pensamentos em que apareces são sempre os mais bonitos. Pensar em ti me faz feliz. Talvez, por isso, eu não tenha me esforçado o suficiente para te esquecer de verdade. Nunca cortei os laços contigo. Sei onde te encontrar a qualquer hora do dia ou da noite. É tua voz que ouço quando escuto What’s going on. Se quero te ler, pego o livro do poeta dos anjos. Não engordo para que tu não me aches diferente. Meu telefone, não mudei. Mudei apenas a cor da fachada de casa mas, isso eu já havia combinado contigo. Faz tempo que nos encontramos, mas eu ainda sei de ti. Sei do teu cheiro, da tua toalha por estender, das tuas revistas espalhadas pelo quarto, do cinzeiro sujo, da marca de garrafa de cerveja holandesa na mesa, da tua febre sem aumento de temperatura, da tendinite de origem videogamica. Sei, ainda, até do que é bom. De como tu me agarravas forte, do teu tremor dentro de mim, do andar na rua de mãos dadas, do esperar o outro para comer, do filme assistido juntos, da música nova compartilhada, do ciúme disfarçado. Ainda sei de ti porque tu não te deixas esconder. Faz tempo que faz tempo que não somos mais. E tu voltas dizendo que parece que foi ontem. Foi ontem mesmo. O tempo não existe. Ele é invenção nossa. É desculpa que usamos como bem queremos. Tempo não combina com amor. Amor é eterno. Por isso, tu voltaste. Eu sabia que tu voltarias. Cá estou. Entendo de ti como entendo de poemas e poetas. Poetas fingem que sabem fingir e os poemas escondem o que querem contar. Entra. A porta está aberta. Não se pode fugir do que está escrito.
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