Não posso reclamar da vida que tenho. Escolhi pouco do que tenho. Tanto do que escolhi ter, não tenho. Mesmo assim, cada dia vivido é um dia ganho. Falo em primeira pessoa. Sou eu traindo o poeta fingidor. Nunca fingi dor. Eu sinto. E sinto alegria. Sinto a chuva que cai aqui dentro e lá fora. Sinto o calor do sol ardente e sinto o cheiro do suor que me sufoca. Sinto. Sinto o cansaço de um dia de trabalho. Sinto por não torcer pelo teu time contigo. Sinto o som de voz de negro em branco. Sinto. Sinto saudade porque eu conheci o lugar dos que amam. Sinto ansiedade. Sou complexa, louca, destemperada. Sou suave, pluma, travesseiro de pena de ganso. Sinto. Sinto tristeza. Sinto não ter chegado a tempo. Sinto por você nunca chegar. Sinto a poeira que se esconde pelos cantos (meu canto para dias estranhos). Sinto. Sinto tudo misturado e gosto. Sinto cada música, cada poema, cada livro. Sinto não saber juntar as linhas. Sinto. Eu sinto. Sinto você e sinto a mim. Eu vivo. Vivo, me alegro, me entristeço. Lembro que a tristeza que se apodera de mim não sufoca a alegria que me cabe. Sou feliz. Estou feliz. Se eu não precisava dizer, por que perguntou?
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