Acreditar no Destino torna a vida mais poética. É como se fôssemos criaturas de um autor qualquer. Há quem diga que é-nos tirada toda a nossa responsabilidade. Fazemos o que nos é dito. Não há o poder da escolha e, mesmo que fujamos do que nos é determinado, o Destino de cada um de nós sempre será cumprido. Hoje, me sinto uma entidade mitológica daquelas que recebem uma previsão de um oráculo e tentam fugir. Não sei se por medo de enfrentar o que está por vir ou se por não saber, ao certo, o que fazer. O que sei é que não adianta fugir de meu Destino. Ele me encontrará em forma de chuva de ouro que fecunda Dânae, de flecha certeira ao calcanhar de Aquiles, de lã que vence o labirinto do Minotauro, de disco desviado pelo vento que matou Jacinto, de flauta que adormece os cem olhos de Argos ou da dúvida que levou Prócris a morrer nas mãos de Céfalo. Está escrito. Ponho-me, então, ao seu dispor, prezado autor. A voz do narrador falou-me ao pé do ouvido: “você é o sal que falta”. Ponho-me sal, tempero de vidas e de almas.
"Bem temperado, até osso cai bem."
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