terça-feira, 8 de março de 2011

Coragem de Maria



Faltam Marias. Maria não se faz mais como antigamente. Esta é a primeira manhã de carnaval em que o silêncio se faz presente. Ando na rua em silêncio sepulcral. Observo casas quietas e silenciosas como se fossem túmulos. Em meio a elas, pareço um fantasma. Do nada, não mais que nada, meu mais íntimo eu toma uma decisão. Não houve pensamento preparatório para tal. Teria outro fantasma me incitado àquela decisão? Olho para os lados, nenhuma viva alma. Apenas eus. De repente, um grito. Uma Maria me traz um presente. Estranho. Há meses não via Maria e, agora, ela me chega com um presente que reforçava meu pensamento. Uma alegria quase carnavalesca toma conta de meu coração. Há lugar para você dentro de mim. Maria se vai. Eu sigo. Encontro uma casa aberta. Um túmulo em movimento. Entro. Quem não é Maria, mas, é cidade sepultada por cinzas que emolduraram seus habitantes, se deixa redescobrir. Ela me conta uma história, eu conto outra. Marcamos um chá ao fim da tarde. Ela tem mais a contar. Também tenho mais a falar. No entanto, estou preferindo ouvir. Deixo a cidade e volto a andar em meio ao silêncio. Arrelia só em minha cabeça. Tua voz me chega, vejo sinais. Assusto-me. Falta-me coragem para alcançar meu desejo. Não te preocupas. Hei-de buscar a coragem de Maria.


Image by annejulie on DeviantArt