quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sobre Mulheres e fogo

A Queima de Sutiãs, no Atlantic City Convention Hall, em 1968, não aconteceu de fato. Mas esse é um exemplo de que fogo que não se acende também queima. O evento tinha a intenção de expressar um grito de liberdade por parte das mulheres que sentiam oprimidas as suas vontades, desejos, atitudes e, principalmente, sentiam que havia uma visão errônea daquilo que elas representavam ou podiam representar. A beleza que ostentavam era mais importante que o papel que elas podiam, verdadeiramente, ocupar na sociedade. 

Essa atitude incendiária, embora sem fogo, me tranquiliza quando lembro que também acendo as minhas fogueiras que não queimam, mas incendeiam. A questão não se centra no fato de eu ser mulher, assim como aquelas de Atlantic City. E sim, no fato de elas serem pessoas como eu. Pessoas que sentem e sabem que direitos nem sempre nos são garantidos. Às vezes, e muitas, temos que gritar para que esses direitos nos sejam dados. Não tenho medo de gritar. Nem como mulher, nem como pessoa. 

Por isso, eu grito. Não escandalizo. Mas grito. Grito porque sei da liberdade que me cabe e eu corro atrás dela quando ela não me chega. Aprendo fácil as lições que me são passadas. Não desaponto aos meus mestres. Com meu sutiã simbólico nas mãos acendo fogueira alta. 





Imagem da Internet.