domingo, 3 de julho de 2011

Daydreaming



 Manhã de trevas, melhor substituir por manhã de Travis. Enquanto eu interpreto Amélia, que era mulher de verdade, eles cantam e eu vejo minha vida passar em filme. Será que não existem mais mulheres de verdade? Serei eu a última? Agrada-me o vestir avental? Ou serei louca mesmo por bancar a heroína e ultrapassar meus limites? Não sei. Não sei. Por que tantos mistérios entre céu e terra que fazem da minha filosofia mais barata que uma caixa de fósforos?  Quem sabe o Travis possa me ajudar a elaborar minha filosofia de fogão. Eu acredito em um Deus que não tira os olhos de mim. Eu que escapo d’Ele, vez por outra. Mesmo assim, o carro novo do meu vizinho não me desperta inveja. Sei ser paciente. Paciente de doutor inglês. Como todos, só quero viver em harmonia com o mundo, com aqueles que me cercam e com aqueles a quem eu cerco. Sairemos daqui todos para o mesmo lugar. Não há saída alternativa em um círculo.  Eles seguem, eu sigo. Uma música, outra música. Uma tarefa, outra tarefa. Chove lá fora – Espera! Isso é outra canção... E eu não sei se essa nuvem me acompanha porque menti aos 17. Ainda minto. Vai ver, por isso, ela não me larga. No problem! Adoro sombrinhas. Tenho tantas quantos pares de sapatos ou batons, meus acessórios preferidos. Dependendo da estação, uma amarela, que o Quintana não me ouça; uma cheia de corações vermelhos; uma quadriculada de azul; uma toda colorida e uma cor de rosa, para os meus dias de patricinha. Há, tem ainda uma preta para os dias de luto ou de mal humor. Humor rima com amor que rima com dor que rima com calor que rima com torpor. Mas que, também, rima com sonhador que rima com cor que rima com sabor que rima com flor. O segredo é, antes de fazer qualquer coisa por amor, se perguntar se é isso que te cabe e não ao outro. Sem esquecer que toda flor na janela carrega toda a essência da Poesia. 

Image by Lord Kevinz on DeviantArt.