segunda-feira, 27 de junho de 2011

Desnuda diante de ti

À Juljan Palmeira.
 

(...) 

Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa,
Abranda as rochas rígidas, torna água
Todo o fogo telúrico profundo
E reduz, sem que, entanto, a desintegre,
À condição de uma planície alegre,
A aspereza orográfica do mundo!

Provo desta maneira ao mundo odiento
Pelas grandes razões do sentimento,
Sem os métodos da abstrusa ciência fria
E os trovões gritadores da dialética,
Que a mais alta expressão da dor estética
Consiste essencialmente na alegria. 

 (...)

Augusto dos Anjos in: Monólogo de uma sombra

Rendo-me, meu amor,
à tua sabedoria odienta
por encontrar resposta
para todos os mistérios
de meu coração.
Juro jamais voltar
a chamar o nome
de teu Poeta em vão.
Em minha condição de sombra,
dialogo com outras sombras
e fazemos um brinde
à alegria contida em toda arte.  

Image by Jeremiahketnet on Deviantart