Image by CatchMe-22 On DeviantArt
Ao reinventar minha vida, tudo igual. Um pouco mais de ervas aqui e ali e só. Com uma caixa de lápis nas mãos, pinto o arco-íris que quiser.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Concreto sofrimento
Image by CatchMe-22 On DeviantArt
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Pintura de porcelana
Há quem diga que poeta não sou
- Que eu não o seja!
Minha poesia diz
Coisa que não é para ser dita
Não é redonda
Não é classicamente medida
Não é vanguardista
O drama encenado
É de gosto meu
A tragédia, de vida que vejo
Se sou poeta ou
Poeta não sou
Não deve ser
Questão a se considerar
Talvez, eu não o seja mesmo
Não chegam a mim
Com bordolatria
Meus moinhos
Não se transformam
Meus deuses
Têm nomes de gente
A Professora classificou
O poeta como alguém
Nem triste, nem alegre
Eu sou alguém
Sou alegre, sou triste
Não sou poeta!
Sou graduada em marginalidade
Desconstruo a linguagem
Faço dela o caos mayor
Eu já era livre antes do filósofo
Quer saber o que faço, leitor?
Não escrevo para você
Você é desnecessário ao meu texto
Lamento!
Meu texto vale por si só
O mar é meu
E faço poesia porque
Uso cifras e códigos
Faço arte enquanto
“Toda arte é inútil”
Eu ganho um Oscar
Pinto um retrato
Continuo escrevendo
E namorando o papel
Quer me chamar de outra coisa?
Quem sabe a-poeta?
- Que importa?
Que importa como me chamem
Que importa o que faça
Estou apenas tomando
Uma taça de vinho para relaxar
Cheers!
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sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Raimundo Mudo
but in the end it's right
I hope you had the time of your life"
Billy Joe in: Time of you life
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domingo, 1 de novembro de 2009
Aforismo de nós dois
Image by Pesare on Deviantart
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Salmantina en la ventana
A casa de Marina
Está vazia
A sua alma não
Ela transborda
O sentimento de
Um mundo renovado
Com janelas imensas
E abertas para o Amor
O Amor que vem
De dentro de outra alma
Tão pura e inocente
Que faz a alma de Marina
Igualmente pura e inocente
Um encontro de almas assim
Faz o céu beijar o mar
E Marina querer te esperar
Outra vez
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quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A maior flor do mundo
Imagem da Internet
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Azul de Metileno
sábado, 5 de setembro de 2009
Texto-livro
Era uma vez a história de mim mesmo e de certo presente que ganhara durante a minha infância – não sabia eu, ainda por ter a sua pureza e tranquilidade interrompidas prematuramente.
Estávamos no quintal de casa, minhas irmãs e eu, debaixo do meu pé de jambo. Meu porque tomara conta dele desde que nos mudamos para a casa que pertencera a minha avó “Miolanda”. Era na copa daquele pé de jambo que eu costumava me esconder quando alguma coisa me entristecia ou me enfurecia. Curioso era que lá eu acreditava estar a salvo. Meu esconderijo secreto. Na verdade, esconderijo, aquele lugar só fora na primeira vez que me escondi lá. Logo me descobriram ali. Mesmo assim, eu subia lá nos momentos em que eu procurava refúgio. A copa daquela árvore era meu refúgio sagrado. Do alto de meus nove ou dez anos, eu já fazia as minhas reflexões.
Bem, estávamos debaixo do meu pé de jambo – Ah! Ainda hoje sinto uma saudade danada de boa quando vejo um jambo ou um jambeiro. Comer um jambo, então, é como estar lá em cima outra vez. Meu pai se aproxima. Meu pai... Figura indecifrável para mim naquela época. Ele já se foi. Não penso mais tanto nele. Absolvi-me da culpa que nunca tive e procuro aceitar o que chamam Destino. Ele teve o dele, eu sigo o meu. Meu pai... Talvez, tenha sido esse o único momento realmente feliz e livre de qualquer sentimento negativo que ele me obrigara a sentir com relação a ele. Meu pai trazia nas mãos uma caixa. Não era uma caixa bonita, colorida, com laço de fita de cetim. Era uma caixa comum, de papelão. Podia ser uma caixa de um leite qualquer ou de biscoito maisena. Daquelas que levam os produtos para o supermercado. Na hora, não pensei em nada. A caixa estava aberta e dava pra ver o que havia dentro dela. Não importava coisa alguma do lado de fora da caixa. Apenas o que ela trazia. Era um filhotinho de cachorro. A coisa mais mágica que vi até aquele momento de minha vida. Ele era todo branquinho. Só tinha o focinho e os olhos pretos. Se ele saísse rolando seria confundido com um grande chumaço de algodão.
Não sei por que cargas d’água meu pai cismou em dar nome aquele cachorro. Era bem característico dele isso. Tudo o que ele fazia implicava em uma condição. Nos trouxe um presente que não lembro termos pedido – sendo o filho mais velho, eu haveria de me lembrar disso. Todas as crianças que conheço, pedem por um animalzinho de estimação aos seus pais. Se pedi, não lembro. Sei que o presente chegou. Era um filhote de cão vagabundo. Assim como a caixa que o trazia. "Sem raça definida" – assim passaram a chamar os vira-latas. Branquinho, branquinho. E meu pai insistiu em chamá-lo de Black. Certamente, ele não sabia inglês, penso eu. Porém, eu, logo descobriria que “black” não era branco e que Black não era preto. Essa, talvez, tenha sido a minha descoberta mais besta. Que importava isso? Conheço uma Jéssica que se chama “Géssica”! Será que Géssica tem a sua identidade abalada pela troca do J pelo G? Black correndo de um lado para o outro nem suspeitava da querela que o envolvia. Entendia que se chama Black. Era só chamar. Ele vinha correndo.
Essa questão não durou muito na minha cabeça. E nem poderia! As brincadeiras com Black me fizeram esquecer de qualquer coisa que me desagradava. Até o meu pé de jambo ficou sem uso. A não ser pelos jambos que eu continuei comendo. Não sei quantos anos Black completou comigo. Embora aquele tempo parecesse infinito, sei que foram poucos. Assim como que de repente, um terremoto abalou a minha casa. Abriu-se um enorme buraco no chão. Meu pai desandara de vez a perder os sentidos entornando copos e copos com aquela água de cheiro forte e gosto amargo. Ele usava sempre limão nesses momentos e ouvia Roberto Carlos em altíssimo e bom som. Fiquei um tempo sem poder sentir o cheiro ou ver um limão. Quanto ao Roberto, ainda estou tentando me reaproximar dele. Não dava mais para a minha mãe. Nem para mim. Eu tinha um irmãozinho pequeno. Minhas irmãs já não queriam mais voltar para casa quando saiam para a casa da minha outra avó. Eu tinha que voltar. Eu tinha a minha mãe, um irmãozinho e um cachorro. Mas depois daquele terremoto, tivemos que sair correndo de lá. O cachorro ficou. O lugar que serviria de abrigo para mim, minha mãe, meu irmãozinho e minhas irmãs, mal comportava a todos nós. Fui obrigado a esquecer o cachorro.
Um dia voltei. O terremoto tinha levado muita coisa. O pé de jambo ainda estava lá mas sem jambos. O cachorro era outro. Quis me morder quando me aproximei. De coração infantil despedaçado, pensei que era melhor esquecer o terremoto, o pé de jambo, meu pai e o cachorro. Continuei seguindo meu Destino que passara a ter uma estrada tortuosa. Algum tempo, não sei quanto - havia esquecido dos dias e noites. Era tudo igual agora - encontrei um cachorro branco na rua. Estava diferente daquele que quis me morder. Estava mais magro, sujo e estava gentil. Não Black mas o nome Brown era que lhe caberia naquele dia. Ele nos seguiu até o nosso novo abrigo. Mas não podíamos ficar com ele. Já éramos seis lá. Não havia lugar para um cachorro. Por isso, fingíamos não conhecer aquele cachorro. Minha mãe disse ser melhor assim. E eu fingia. Não pensava. Só fingia. E esquecia toda a alegria que aquele cachorro me trouxera. Seguimos assim. O cachorro nos seguia e nós o ignorávamos. Mais um dia, dois dias, três dias, o cachorro desapareceu. Tudo resolvido. Vai ver ele seguiu seu Destino.
Eu não precisava mais fingir que não conhecia o cachorro. Ele não mais poderia servir de ponte que nos levaria de volta ao meu pai. O meu Destino, cada vez mais, de estrada tortuosa me faz seguir. Eu cresço. Passo a sentir falta do meu cachorro. Que diabos ele tinha que ver com aquele terremoto? Tomara que exista mesmo o céu dos cachorros. Sei que ele já se foi. Talvez esteja com o meu pai. Quando eu me for, quero ir para lá, também. Preciso pedir perdão ao meu Black. Dessa culpa que não tive, não consegui me absolver. Espero te abraçar de novo, amigão!
Era uma vez a história de como me perdi de meu cachorro. Me chamam Álvaro. Eu tinha um cachorro branco que se chamava Black.
Image by Lundern on Deviant Art
sábado, 29 de agosto de 2009
Poesia não sabe ler calendário
Torto tempo
Tempo torto
Sabia que você viria
Não sabia que partirias tão brevemente
Finda-se a Primavera em mim
Ainda que permaneçam
As cores da estação
Um olhar para dentro de Mim
Você ainda está lá
Renova-se a vida e
Toda a Poesia que há nela
Sorte minha!
Poesia não sabe ler calendário
Image by *ploop26 On Deviant Art
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Paisagens no espelho
Eu era
a criança que você amamentou
Eu era
os primeiros passos para os teus braços
Eu era
a escola da tia Hélia
Eu era
a língua que cantava outras vozes
Eu era
a namoradinha de sempre
Eu era
o catar de conchinhas na praia
Eu era
a mãe do filho que não gerei
Eu era
noites sem dormidas
Eu era
hebreu em busca de liberdade
Eu era
a voz que calou
Eu era
a menarca atrasada
Eu era
a matemática de conta inexata
Eu era
a física de circuito fechado
Eu era
a química de explosões
Eu era
sonho acordado
Eu era
sonho dormido
Eu era
sonho que cabia nas mãos
Eu era
todo alfabeto
Eu era
amor encontrado
Eu era
luz em fim de túnel
Eu era
amiga de relógio sem ponteiro
Eu era
flor de jardim
Eu era
jardim sem flor
Eu era
árvore sem fruto
Eu era
cesta de frutas
Eu era
livro de cabeceira
Eu era
sol entrando pela janela
Eu era
luz da lua no mar
Eu era
o encontro ao chão
Eu era
escada magirus
Eu era
poltrona de nuvem
Eu era
solo Mayor
Eu era
vida que sai do choro
Eu era
funeral sem corpo
Eu era
corpo e funeral
Eu era
volta
Eu era
espera
Eu era
chegada
Eu era
Edouard Glissant lá da Martinica
Eu era
o sexo que você desejava
Eu era
nós
Eu era
você
Eu era
eu
Eu era
o que já não sou mais
Assumo
o princípio da exotopia
A cada instante
uma peça nova no Mosaico
Vivo o novo de cada dia
E feliz
Sou
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sexta-feira, 7 de agosto de 2009
So, não soul
sábado, 1 de agosto de 2009
domingo, 26 de julho de 2009
Comsommé au vin
Sempre entendeu o que é ser livre mesmo antes que a teoria lhe caísse sobre a cabeça como um raio. Maria de Liberdade só se fez mais forte. Outro raio, uma canção e um insight. “Livre para decidir”. Isso ela sempre foi. Mas acontece que Chronos deixa seus cavalos tão livres que de tanto os vermos correndo esquecemos, por muitas vezes, de apreciarmos esses momentos. Foi preciso que a canção que sempre ouvira lhe caísse como uma estrela cadente para que ela tomasse consciência de sua liberdade maior. O poder de decisão. Maria de Liberdade está decidindo. Maria de Liberdade está sendo livre. Maria de Liberdade está vivendo.
Maria que é Liberdade guarda toda a sua vida em um baú enorme – porque ela vive! Todos os dias, ela entra nesse baú e decide o que fica e o que sai. É um dos seus rituais diários. Assim como o seu banho noturno à luz de velas perfumadas. Da última vez que entrou nesse baú, Maria percebeu que ele estava cheio demais. Obsoleto até em alguns detalhes. Maria se perdeu. Maria que nunca se sentira presa sentiu-se em um labirinto naquele baú de caminhos outrora tão definidos. Nada de alarde. Um copo d’água precisa estar cheio para ser esvaziado. No caso do baú de Maria, abrir espaços indica novas tomadas de decisões. Isso ela sempre fez. E estava tomando novas decisões de acordo com o que lhe caia bem. “Você pode me ajudar. Eu decido.” – afirma Maria. Embora tenha esquecido, por um breve período de tempo, que uma decisão leva a outra Maria foi decidindo. Era assim que tinha que ser. Maria era ela. Mais uma vez, Maria de Liberdade reorganizava seu baú enquanto enchia sua vida de novas janelas.
Maria de Liberdade decidiu trocar de profissão. Lá se foram seus papeis e lápis coloridos. Ficou um caderno e novos dicionários. Maria de Liberdade ampliaria suas línguas e seria, agora, consultora para assuntos internacionais.
Maria de Liberdade decidiu que Você não mais vem. Está doando todas as suas roupas. Lá se foram sapatos, vestidos e "bodies". Ela sentirá saudades do que não verá. Mas Maria de Liberdade decidiu viajar o mundo. Já foi à Espanha buscar um chapéu. Quer ir à Inglaterra acertar o seu relógio. Na China, vai andar de bicicleta e na Austrália vai contar tubarões.
Maria de Liberdade decidiu Amar mais ainda. Lá se foram as últimas lágrimas pelo que a chatearam em seu amante. Maria de Liberdade já tinha escolhido viver em conto de fadas. Sabia que em todo conto de fadas há uma bruxa má. Mas como a bruxa demorou a aparecer, Maria de Liberdade esquecera aquele nariz enverrugado. Não sabia a bruxa que Maria de Liberdade tinha, também, a sua casa, seu furacão e boa pontaria para acertar a bruxa. O seu Amor é a luva de sua mão.
Maria de Liberdade, assim, decidiu viver plenamente. Entrou no baú, além de seus sonhos e amores renovados, um cd com aquela canção atemporal que a faz lembrar que ela é livre de verdade. Só é livre quem pode decidir. Maria pode. Maria decide. E decidiu renovar sua identidade. Maria de Liberdade, de hoje em diante, chamar-se-á MARIA DE LIBERDADE LIVRE PARA DECIDIR.
Para a escritora de nome PALMEIRA LETÍCIA. ;)
* The Cranberries in: Free to Decide
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Clássico em preto e branco
sexta-feira, 3 de julho de 2009
O Passeio da Lua
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sábado, 23 de maio de 2009
À procura de um poema
“Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes mesmo de existirem do lado de fora.”
Rubem Alves in: Jardins
Hoje eu sou mais Eu. Um Eu mais inteiro em busca da minha completude infinita. Chove desde ontem – por Deus comprei uma sombrinha, finalmente. Acordei cedo mas não fui trabalhar. A água inundou a cidade. A Senhora do Tempo havia avisado: “Chove durante todo o fim de semana”. Precipitações de todas as formas e cores: chuva orográfica, de convecção, frontal, ácida. A chuva é como uma faca de dois gumes. Ora, lava e leva tudo que encontra pelo caminho. Ora, lava e faz nascer. “Dia de chuva”, falava a minha avó, “é um bom dia para se preparar um jardim para nascer”. Claro! Na busca pela minha completude infinita, estão os jardins. Quero sempre jardins novos. Jardins maiores. Jardins floridos. Jardins de mim. Arregaço as mangas e corro para a terra. Semente acariciada e colocada no ventre de jardins. Chuva, agora, líquido amniótico que alimenta sonhos e sementes. Espero meu jardim crescer e florescer aqui fora. Embora ele já exista em meus sonhos... Margaridas, Rosas, Orquídeas cheias de Nove horas, Angélicas, Gardênias, Girassóis, Chuvas de prata em Copos de leite, Narcisos, Flores - de - lis, Hortênsias, Bonsais também, Marias - sem - vergonha, Tulipas de vinho doce, Flores tropicais, Magnólias, Crisântemos, Flor de princesa, Flor de botãozinho, Espadas de São Jorge para as lutas, Açucenas, Violetas, Jasmins, Flores de lótus, Dálias, Papoulas, Amores perfeitos, flores para homenagear aos que chegam e dar adeus aos que partem. Flores para mim! Flores para que eu veja sempre um poema aonde quer que eu olhe.