quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Madalenas

Entre o ser que sou e o ser que estou, uma madalena. É o intervalo de que preciso para me equilibrar. O frio e os flocos de algodão caindo do céu me agradam mais que poderia imaginar. Minha culpa! Frio e neve me cabem de tal forma que eu poderia correr até a praça e me tornar parte dela. Congelada, assim como tudo que é vivo e o que não o é. Há sol no lado do hemisfério das águas. Sol de sombras mórbidas. Eu devia chorar. Não devia sorrir ou sentir essa felicidade besta. Em terras castelhanas, apesar do frio, o sol é brilho e traz a vida que grita. Meu equilíbrio distorce e eu preciso de outra Madalena. Talvez, eu me apegue tanto as madalenas porque deseje ser como aquela Madalena que largou tudo e fugiu. Mas, ao contrário dela, que teve os seus pecados perdoados quando deixou tudo para trás, os meus pecados começariam com a minha fuga. Viveria como pecadora fugitiva. Intervalo do intervalo. Não tenho certeza de que isso me agrade. Sou marinheira aprovada com louvor. Sempre enfrentei mar bravo. Fugir não me cai bem. Embora me canse, às vezes. Quanto aos pecados, estes me servem bem. O que me falta é só esse. O pecado de enfrentar a fuga. Meu equilíbrio oscila ainda mais e eu devoro outra madalena. Conhecessem essas madalenas, teriam me receitado uma por dia (para não engordar) ao invés das pílulas de açúcar e água. Conhecessem essas madalenas, seria reformulado um velho ditado inglês: Many magdalenas a day keep the doctor away. O médico e todos os males. Outra madalena, pouco me importa o quanto engorde, encerro o intervalo. Equilibro-me na linha bamba que me separa daquilo que sou e aquilo que estou. Sigo. Não fujo. 



Minhas Madalenas. :)
Inverno de um verão qualquer.