sábado, 29 de setembro de 2007

Coisa Antiga

Medo é a visita que chega de repente, sem aviso, sem convite. É medo de todo tipo - Medo de andar, medo de correr, medo de dizer que não conhece tal livro, medo de repetir pensamento, medo de ser copiado, medo de subir no palco, medo de dormir e se dar consigo mesmo, cheio de mágoa, fortuna arruinada, ambições não realizadas e as rugas na sua cara dando a maior risada.

Alice

















Você perdeu o medo.

Lucy e seus diamantes

De repente, Lucy olha a sua volta e tem a impressão de que algo está errado com ela. Procura-se no espelho e vê que ela está lá. Não há nada de diferente nela. Mas e por dentro?Faltava olhar lá. Tirou o vestido que a avó lhe bordara com a história do sabiá na gaiola e estava tudo em seu lugar - Lucy é transparente como as lágrimas da amada do guerreiro Tambiá. E por que, então, ela continuava fora de tom? Não falava a mesma língua que os amigos, não ouvia a mesma música que tocava em cada esquina, não lia os mesmos clássicos que os mais letrados lhe indicavam, não comprava as enciclopédias que os vendedores a sua porta lhe ofereciam. E os famosos diários de adolescente? Nunca gostou de escrevê-los. Até que tinha lá a sua coleção mas nunca os fechou em cadeado. Sempre perdia as chaves. Às vezes, Lucy, usava seus diários para copiar citações que catava aqui e ali. Até que um anjo lhe soprara ao ouvido:


“Menina, se você continuar a catar citações e espalhá-las por todo lugar,ninguém mais vai ouvir sua voz e você acabará muda.”


Esse foi mais um dia “D” para Lucy. Ela abandonou seus diários de voz alheia. Passou a escrever as suas próprias citações. Para não perdê-las, ela escreve cada uma em um diamante e os guarda em uma caixa colorida toda enfeitada. Como uma caixa que guarda sonhos de criança.

Zélia


Ao meu amigo que acabara de ganhar novas asas.



O Menino e a Bola Azul

PP é desses meninos ultramodernos. Não pediu licença para chegar.Não precisa de convite para entrar em sua casa.Ele é do time do “eu vou”.PP adora ser criança.Faz isso sem restrições.Penso no que ele ainda há de descobrir na vida.Mas o que me chamou a atenção foi a sua paixão pela bola azul.Certa vez,PP ganhara uma bola azul e logo se apaixonara por ela.Passava horas correndo atrás da bola azul.Um dia,a bola azul resolveu sair sem destino.PP foi em busca da bola azul.Não podia ficar sem ela.De repente,PP parou.A bola azul seguiu.Extasiado diante do horizonte,PP ficou ainda mais fascinado por aquela nova e imensa bola azul.Deixou tudo e ficou a imaginar o que aquele mundo,agora gigante, poderia trazer ao seu mundo infinito de criança.

Zélia

Para Pedro e a sua poética contemplação diante do horizonte,em resposta a "carta secreta" que ele me escrevera.



Sonho de gente esperta é arrumar o mundo para o que queremos.

Zélia

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O fio da vida

Fugir é bom. Nos traz de volta à boca o gostinho de trela de criança. Mas sonhar é melhor – escolha minha. É viagem de liberdade, fuga de quem cresceu. Tenho muitos sonhos.Todos de mil noites de verão. Corro de um lado para outro, mergulho em águas quentes e frias, entôo o canto de Euterpe, uso versos de Calíope, fecho a boca e travo a mão para Polímnia, não canso de cegar meus olhos ao fitar Apolo...Só não consegui fugir de Eros. Quem conseguiria? O Destino é tão certo como o augúrio do arco-íris pela chuva. O “Peter Pan” de Afrodite, nascido do Caos, não parece com a mãe.Ela é apenas amor e já tem seu protegido.Não brinca com mortais. Eros, junta mas bagunça antes. É ardiloso.No entanto,tem a ingenuidade de criança e, cego, não sabe que o sentimento que desperta é maior que ele próprio. Nesse mundo, ou em outro, sou Ariadne ligada por um fio ao meu Teseu.

Zélia





Direito de quem?

Aconteceu ontem, aqui em João Pessoa, uma manifestação de um grupo de mulheres pela descriminalização do aborto. Mulheres que são a favor do aborto, sempre levantam a bandeira do direito da mulher. “É o corpo da mulher. Ela é quem deve decidir o que fazer com ele. Não a Igreja ou a sociedade”, disse uma delas. Farei, então, a mesma pergunta feita por uma médica, cujo nome não me recordo, em uma seção no Congresso Nacional sobre a legalização ou não do aborto no Brasil: “se essa vida é sua, mulher, quanto vale a vida do outro?” E o direito do bebê à vida? Ele que não teve escolha e que não pode decidir o que é melhor pra o corpo dele, para a vida dele? Penso que chegamos aqui na questão do que é justo ou não.
Dia 18 de setembro, deste ano, tivemos a culminância do projeto das 8 Metas do Milênio na escola onde eu trabalho - projeto realizado em parceria com a Unimed / João Pessoa e cujo objetivo é despertar nos alunos ações que visem a melhoria das condições de vida no planeta. Um dos grupos com os quais trabalhei, buscou alternativas para a meta número 5: Melhorar a saúde das Gestantes. Tratamos, inclusive, dos métodos contraceptivos, pois, a primeira alternativa para melhorar a saúde de uma gestante é fazer com que ela engravide quando, assim, desejar. Já que isso ela pode – e deve – fazer. Um amigo, professor de Ciências, levou para a nossa tenda dois fetos vítimas de aborto. Um deles aos seis meses de gestação. Todo perfeito. Uma menina. Que nem tinha cara de “joelho” e, hoje, estaria com quatorze anos. Morreu porque o pai havia acabado o namoro com a mãe e essa mãe ( ? ) decidiu, como o corpo era dela, que não queria mais aquela gravidez. Foi uma vingança, justificou. Contra quem? Gostaria de vê-la e perguntar como ela se sente ao ver a filha, agora, imortalizada – a decisão em doar o feto para estudo foi da avó materna da criança. Entretanto, foi o outro feto que me chamou mais a atenção. Tinha apenas três meses. Sobrava na palma da minha mão. Mas ao contrário do que afirmam muitas mulheres, ele/ela – ainda não dava pra ver o sexo - não era um amontoado de óvulo e espermatozóide. Já estava todo perfeitinho. Dava pra ver tudo: mãozinhas, pezinhos, perninhas, braçinhos, coluninha, cabeçinha. Segundo o professor de Ciências, faltavam só a cavidade auricular e a formação do globo ocular. E o que sobrava era uma espécie de rabinho que aparecia ao final da coluna. Por fora, era fisicamente perfeito. Não perguntei como ele/ela devia estar por dentro. Só pensei em como são “corajosas” essas mulheres “donas de seus corpos” por abortarem um projeto de pessoa, que seja, aos três meses, seis meses ou aos dezoito dias de gestação quando o coraçãozinho daquilo que é/será um ser humano já começa a bater. O que significa dizer que com quatro dias de atraso na menstruação, o coração do embrião já começara a bater. Isso pode nos levar a questão de se embrião humano tem vida ou não.Vou concordar com o Dr, John Wilke quando ele diz:"

"...estar vivo significa que o ser cresce, .... que se desenvolve... que amadurece... que repõe suas células mortas. Significa “não estar morto”. Assim, o embrião humano é uma vida. De outra maneira, não cresceria. Esta vida humana única e individual tem início na concepção.” *

Outro detalhe que achei bastante interessante foi a minha descoberta, digamos assim, de que o embrião vem com uma espécie de cápsula espacial trazendo com ele a bolsa de líquido amniótico, o cordão umbilical e a placenta. Que se desenvolvem ao mesmo tempo, junto com o embrião, desde a primeira célula e que, portanto, pertencem ao bebê, não à mãe.
Pra mim, a primeira resposta ao aborto é ignorância. Tenho múltiplas alternativas. E, por ignorância minha, talvez, vou dizer que toda criança vem a este mundo pelo sopro de Deus. Mas não sou ignorante o suficiente para dizer que as mulheres não têm o direito de engravidar quando quiserem, ou que as milhares de crianças que nascem todos os dias é responsabilidade de Deus ou que, ainda, o desejo de uma gravidez não atendida é culpa d’Ele. O que eu penso é que as mulheres precisam refletir mais no melhor para elas que é não engravidar. Se é isso que elas querem. Afinal, um aborto, mesmo feito em segurança, é mais arriscado para a mulher que o próprio parto.
Existem situações, claro, em que sou a favor do aborto. Como em caso de estupro ou de acefalia fetal, ou de risco de morte da mãe,por exemplo. Mas o aborto não pode ser solução para o desejo da mulher em não ter filho – nem que seja naquele momento. Tenho uma aluna, quatorze anos – mesma idade que teria o tal feto abortado aos seis meses – que está grávida. Tenho pena das duas crianças. A que é Jully** e a que ela traz na barriga, um menino. Às vezes quando entro na sala dela, ela está rodeada de outras crianças. Todas ansiosas para ver a nova boneca que Jully vai ganhar. Seria o aborto a melhor solução para Jully e seu menino? - é preciso levar em conta que, aos quatorze anos e de família humilde, ela pode não ter sido responsável por essa gravidez totalmente fora de hora. Acredito que não. Eu não pedi pra nascer e mesmo não sendo esse mundo o “país da maravilhas”, agradeço a minha mãe pela sua, agora sim, corajosa decisão em me ter. E continuo a questionar porque devemos pensar “nas crianças mudas telepáticas e nas meninas cegas inexatas” de A Rosa de Hiroxima*** e não devemos pensar nas tantas crianças inocentes que morrem em favor de um certo direito da mulher.


Zélia


* http://www.providafamilia.org.br/doc.php?doc=doc79995

** Nome fictício

*** Poema escrito por Vinícius de Moraes


quinta-feira, 27 de setembro de 2007

The Kite

Light is high.I’ve just arrived from my dreams.All is different here.Dreams are really a bridge between this world and any other world.Today, I woke up and wished I could change (almost) everything.Opening my eyes made me see Fred, the mercilles monster.He looks like a very big ball, with long arms and legs, longing for taking me, you, all of us.No neck but three twisted horns coming out of his head.He has no mercy at all.I wished also I could be the girl that shouts for her superhero...I shouted, indeed.Nobody came to me.This is not fantasy.Who said so? I refuse to live in an ugly and smelly place.I’m gonna look for my freedom.I already have my own garden.Sometimes, there are dry leaves among the flowers I have there,it’s true.But the colors of the rainbow come from the dark.Stupid people may surround you.And you may have trash and pain on your path,too.That’s part of the game.If you’re gonna win or lose, it depends on you more than anybody or anything else.That little boy’s sky is more colorful because of his kite.I myself have a box full of kites – although I forget about them for a little while, here and then.One for every mood, day, clothes, place, occasion, music, poem,book.You’d better take yours!

Zélia



Nota de Esclarecimento

Quem inventou o amor não o deixou em um conjunto unitário.Amar só não anda de mãos dadas,não junta escovas de dentes,não tira fotos românticas,não conjuga a primeira pessoa do plural,não canta em coro.Amar é entender a matemática como “1 + 1 = 2”,é poder colher os lírios do campo para enfeitar a cama do seu amor,é sair e saber para onde vai,é encontrar uma calcinha junto de suas gravatas,é dizer não a perfeição.E,amar,é antes de tudo,amor por si próprio.

Zélia



quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Do corte ao fim de noite

A vaca comendo capim. Capim tão verde - verde como a bandeira de minha terra. E o homem encerra o dia catando bois e vaquinhas, recolhendo tudo de seu pasto. Escondendo o rastro de seu amor e bebendo aguardente. O som de fim de tarde - a cigarra mandando dormir. O líquido arde e também arde a noite. Arde a dor, a vida e o corte na mão. Trabalhar corta e pensar não faz bem. O trabalho preenche a vontade e executa qualquer sonho. Amanhã nasce outro dia e começa tudo outra vez. Fim.

Alice transcrevendo Clarabella através de Letícia


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

I Love You, I Love You Not

Errata de amor mal correspondido:
Ouvimos sempre o que queremos ouvir.
Não o que é dito...

Zélia


sábado, 22 de setembro de 2007

Birdcage New Generation

Future has come.It’s the brand “new age”.The control is in our hands.We are all gods.
I have my world,you have yours.So let’s make them perfect,for sure!Why not?!If I have the power to broadcast my life as a happy movie?...I’ll paint my scenes with the colors I choose.Gather less friends than the handicapped king but so many that I’ll won’t be able to recognize all of them.I’ll come and go.I’ll be everywhere, anytime I want.Even if I’m not wanted or you decide not to receive my messages.I’ll pick up flowers from your garden to decorate mine.As I’m not able to grow them for my own.And don’t dare to say I’m not happy!Pretending is the new path that leads to happiness.At least,when I see myself by the screen that covers my digital universe...

Zélia



sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Onde os Oceanos se Encontram

“O que é de grande valor no homem é ele ser uma ponte e não um fim; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e não um acabamento”.

Friedrich Nietzsche in:Assim falou Zaratustra


"Eu não sou eu nem o outro
Sou qualquer coisa de intermédio
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro"

Mário de Sá Carneiro in:Orpheu


quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Liberdade é escolha individual

"Eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade".

Clarice Lispector *

* Em sua última entrevista, colhida pelo jornalista Junio Lerner para o programa "Panorama" de 01/02/77, na TV Cultura.



Não sou areia

Não sou areia
onde se desenha um para de asas
ou grades diante de uma janela.
não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério.

A quatro mãos escrevemos o roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.

Lya Luft


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Por um fio

Daquele lado da
linha
Você
Transformado
em
Mim
Transformado
em
Nós
Deste lado da
linha
Eu
Transformada
em
Amor
Até o outro lado da
linha
...

Zélia

o contexto

Criar e recriar e sair do mapa. São planos, mas também sem contexto, tudo fica sem sentido. Na correria de fazer tudo bem feito, comer tudo a que se tem direito, todo mundo se perde. Não há uma só pessoa que consiga ter o mundo inteiro. Mesmo em livros de bolso, letreiros de aeroporto, o mundo não nos cabe. Somos pequenos e assim devemos continuar. Fazendo planos, requentando o espanto e fazendo da alegria, o último traço no papel em branco.

Letícia


domingo, 16 de setembro de 2007

As máscaras que usamos

O calendário não diz mas é carnaval
Vivemos em "baile perfumado".
Transformamo-nos em vários,
Submetemo-nos à vontade alheia,
Permitimo-nos usar a fantasia que nos dão,
Não a que nos cabe.
Triste o mundo que pintamos:
Com tantas máscaras e tantos "eus" e "vocês",
Vamos acabar transformando o mundo
No "vale dos sem rostos"...

Zélia Palmeira


sábado, 15 de setembro de 2007

For us who enjoy cummings






i like my body when it is with your
body. It is so quite a new thing.
Muscles better and nerves more.
i like your body. i like what it does,
i like its hows. i like to feel the spine
of your body and its bones, and the trembling
-firm-smooth ness and which i will
again and again and again
kiss, i like kissing this and that of you,
i like,, slowly stroking the, shocking fuzz
of your electric fur, and what-is-it comes
over parting flesh . . . . And eyes big Love-crumbs,

and possibly i like the thrill

of under me you quite so new

(e.e. cummings in, i like my body when it is with your)

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

in spite of everything...

in spite of everything
which breathes and moves,since Doom
(with white longest hands
neatening each crease)
will smooth entirely our minds

e.e. cummings

A Moldura,o Quadro e os Nós

Fiat lux:um sorriso brilhou mais que o sol!Muitas letras,uma boca,duas línguas.Desenhos em papel,caminhos já traçados mas definidos por desejos próprios.Minha,sua,nossa vontade X a vontade deles.Passamos do 1 ao 2 e seguimos.

De ponto em ponto, escrevemos a nossa narrativa.Com o cenário,trilha sonora e personagens que queremos.Ele,Eu,Você e o(s) Outro(s) em cada um de nós.Ainda em capítulos abertos,essa é a História de nós dois e a minha autobiografia reversa...

Zélia

Para o homem que dorme em minha cama.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Faxina na Alma

Não importa aonde você parou...
Em que momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é possível
e necessário "Recomeçar"

Recomeçar é dar uma chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e o mais
importante... acreditar em você de novo

Sofreu muito nesse período?
Foi aprendizado...
Chorou muito?
Foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes?
É porque você fechou as portas
até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da sua melhora...

Pois é... Agora é hora de reiniciar...
De pensar na luz...
De encontrar prazer nas coisas mais
simples de novo...
Que tal um novo emprego?
Um corte de cabelo arrojado... diferente?
Um novo curso...
Ou aquele velho desejo de aprender
a pintar... desenhar...
Dominar o computador...
Ou qualquer outra coisa...
Olha quanto desafio...
Quanta coisa nova nesse mundão
de meu Deus, o esperando

Está se sentindo sozinho?
Besteira... Tem tanta gente que
você afastou com o seu "período
de isolamento"...
Tem tanta gente esperando apenas
um sorriso seu para "chegar" perto
de você

Quando nos trancamos na tristeza...
Nem nós mesmos nos suportamos...
Ficamos horríveis...
O mal humor vai comendo nosso fígado...
Até a boca fica amarga!

Recomeçar...

Hoje é um bom dia para começar
novos desafios
Onde você quer chegar?
Ir alto...Sonhe alto...
Queira o melhor do melhor...
Queira coisas boas para a vida...

Pensando assim trazemos para nós
aquilo que desejamos...
Se pensamos pequeno...
Coisas pequenas teremos...
Já se desejarmos fortemente o
melhor e, principalmente, lutarmos
pelo melhor, o melhor vai se instalar
na nossa vida

E é o hoje o dia da faxina mental...
Joga fora tudo que te prende
ao passado...
Ao mundinho de coisas tristes...
Fotos...Peças de roupa, papel de bala...
Ingressos de cinema, bilhete de viagens...
E toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados...
Jogue tudo fora...

Mas, principalmente, esvazie seu coração...
Fique pronto para a vida...
Para um novo amor...
Lembre-se: somos apaixonáveis...
Somos sempre capazes de amar
muitas e muitas vezes...
Afinal de contas...
Nós somos o "Amor"


Carlos Drummond de Andrade


quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Hey,you.

Keep your face to the sunshine and you cannot face the shadow.

Hellen Keller

Como se já não fosse difícil enxergar, os dias têm o cômico objetivo de nos fazer ingênuos.

Letícia


















"A vampire or a victim
It depends on who's around"

U2 in, Stay

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Sulanca Virtual


Os Orkuteiros fanáticos que me perdoem mas essas contas do Orkut estão ficando cada vez mais carnavalescas.Não é à toa que o orkut só é essa badalação toda aqui no Brasil.

Essa agora de mostrar atualizações foi demais.Desativei a função da minha página no mesmo instante em que soube a respeito dela.O chato é que não posso desativar o aviso de atualizações na minha página principal.Toda vez que entro no orkut,lá vem uma lista enorme de pessoas que trocaram uma vírgula em seus perfís,postaram a mesma foto outra vez e sei mais lá o que.Sinto uma sensação estranha ao me deparar com aquilo.Parece uma sulanca virtual.Parece que estamos vendendo nossas idéias;nossos amigos,familiares,amores;nossa imagem e o que somos.

Você pode estar se perguntando agora, por que é que eu tenho uma conta no orkut.Eu respondo que da mesma forma que luto por um mundo melhor aqui fora,luto por um melhor mundo virtual.Faço o que posso:mando as minhas sugestões para o pessoal da equipe do orkut, participo de campanhas para promover alterações onde acredito ser necessário,enfim.

Vamos ser sinceros, essas atualizações remetem a uma necessidade de afirmação.Desnecessária,inclusive,porque isso aqui não vale nada.Os nossos verdadeiros amigos estão conosco e,naturalmente,saberão sobre nossas novidades.Como disse uma pequena mas grande Amiga, “Nada pior que viver de mentiras”.


Zélia



domingo, 9 de setembro de 2007

Casar ou não casar? Eis mais uma questão.


Todo mundo parece querer encontrar a sua alma gêmea.O final dessa busca resultará em um casamento,certamente.No entanto,casamento é uma coisa que assusta mesmo a quem sempre desejou embarcar nessa viagem.Após mais de 10 anos de casamento,tive tempo o suficiente de analisar o meu próprio casamento e, é claro,o casamento de muitas pessoas ao meu redor.Posso não ter feito nenhuma grande descoberta mas o que mais se fala entre a maioria dos não-casados e de alguns casais que conheço é a questão das vantagens e desvantagens no casamento.Fui então saber o que poderia estar eu perdendo (ou ganhando).Fiz uma espécie de lista dessas vantagens e desvantagens.O que me custou um pouco.Já que não faço nem lista de supermercado.Vamos a elas,começando com o que é melhor.Para que ninguém desista antes de saber o que um casamento pode trazer de bom.

Vantagens

1. Ter alguém que te ame e para dividir com você todos os momentos de sua vida
2.Você terá uma casa pra fazer o que quiser.Sem ter que esperar os seus pais saírem de casa
3..Ter alguém para dividir as despesas e os afazeres domésticos
4.Não precisará sair pra caçar.O sexo te espera no quarto,na sala,no banheiro ou...
5.Supostamente,esse sexo será mais seguro
6.Você deixará o clube dos solteiros desesperados
7.No caso do homem,quando ficar doente,vai ter alguém pra dar remedinho como a mamãe fazia.No caso da mulher,ela terá um brutamontes para lhe defender dos tarados abusados.Além de casa,comida e roupa lavada
8.Os filhos encherão a casa de alegria e você terá contribuído,da forma que se espera ser a mais correta, com o mandamento que diz “crescei-vos e multiplicai-vos”.
9.Você não gastará dinheiro com a pílula do dia seguinte e nem com médicos clandestinos para fazer um aborto.Já estão casados mesmo e filho é sempre bem-vindo...
10.Você poderá criar a sua própria vantagem para se dizer casado

Desvantagens

1.Não poderá mais paquerar e mostrar que é o gostosão/gostosona
2.Sexo pago é mais barato
3.Ter que trabalhar duro para bancar os luxos da casa (mesmo assim,o dinheiro falta)
4.Os mesmos filhos que enchem a casa de alegria,também enchem o saco e serão mais um problema na hora da separação
5.A sogra e sua vassoura
6.Para tudo que for fazer,você terá que “combinar o jogo com o adversário(a)”
7.Pagar contas,fazer feira,cumprir com as obrigações familiares(as da sua e as da família do seu cônjuge)
8.Ter problemas para sair a sós por conta dos filhos.
9.O feijão com arroz perde logo o gosto
10.As vantagens de se estar casado parecem não compensarem após alguns anos

E agora?Tá difícil decidir?Vamos pensar no que são vantagens e desvantagens dentro do significado de cada palavra.Por onde anda o meu Houaiss?Ah!outra desvantagem no casamento: as suas coisas não são mais apenas suas e elas sempre mudam de lugar.Aqui está ele:

*Vantagem: "ganho,lucro,proveito,superioridade".

*Desvantagem: "inferioridade,prejuízo".

Essas são palavras que não combinam com o que conheço por casamento.Certamente,se eu for levar em consideração os papeis que assinei para o cartório,eu fiz um negócio.Não casei.A Bíblia,também tem sua lista de direitos e deveres do casal.E olhe que eu disse sim,a ela.Só que tem um detalhe,o Amor não tem nada a ver com vantagens e desvantagens.Isso torna a coisa muito metódica.E casamento não deve ser um negócio.Se o for,será um negócio arriscado.Uma vez que não será baseado no Amor e respeito que se deve ter com o outro.Não falo apenas em casamentos formais mas,também, em união estável e amizade colorida – outros nomes para uma relação mais séria.Casamento,lá vem meu amigo outra vez,é “vínculo entre marido e mulher” – vínculo como “aquilo que ata,liga”.Para mim,casamento é escolha.É amar o que é difícil:os defeitos do outro e reconhecer os seus.É aceitar esse estado de casado como natural, conseqüente e obediente ao Amor que une duas pessoas.Sem pesar lucro e prejuízo.Quando se escolhe a pessoa certa,entende-se melhor o sentido da vida,do companheirismo,da cumplicidade,do respeito,da liberdade e, é obvio,do Amor.Sim!Só para não terminar sem mais uma vantagem de se estar casado,já que citei mais uma desvantagem,não há nada mais reconfortante que acordar todos os dias e ver um sorriso que vai salvar o seu dia...

Zélia

sábado, 8 de setembro de 2007

Alice in wonderland

Senhora das letras.
Desbravadora da prosa poética.
Faz-me vomitar palavras.
Diz sim e não de acordo com seu bel prazer.
Inovadora de mundos.
Virtuais, fictícios, ilusórios, reais.
Diz-se de tudo poderosa.
Ciúme é coisa para os fracos!
Contudo, treme quando procura e não acha:
Faz birra com sua porção criança.
Disso, explica-se:
É porque é minha (e não outra!) a sua imagem no espelho...

Zélia

This is some (other) lines I wrote for you long ago.In different room and form.And also,wearing a title.

Love U2,little sister

Estimada Senhora das Letras,

Acordei de um sonho.Vi o mundo dentro do mesmo cenário.Girando meio que fora de rotação,sim.Mas nada disso importa,realmente.Ao pararmos para pensar,vemos que o mundo é feito de muitas coisas.Ele só não é feito de doces como a casa da bruxa em João e Maria.Os clássicos,neste mundo,estão por todo lugar.Até onde eles não existem.E, pessoas comuns é que são especiais.Bom saber que estás dentro de tua livraria neste espaço.Ele foi feito por e para você - antes até mesmo de mim,não posso negar.Não sei se a minha voz é tão nova assim.Ela já está um tanto desgastada.A liberdade, ela também é momentânea.Devo confessar que o nosso amigo francês,ajudou na minha liberdade no sentido de que é bom saber que já se sabe certas coisas,mesmo sem nomear teorias em A e B.Só sei dar nome em bois.Sou uma mutante.Não no sentido da Rita.No sentido dos X-men.Nasci com o poder de ver mais longe.É bem verdade que ainda sou um aprendiz.Todo super-poder sempre traz um mal.Muita luz também cega.Ao escrevermos,falamos por nós.Mas falamos muito mais pelos outros.Um poema pode vestir mais roupas que aquela separada para ele.Relutei em dizer-me escritora.Não por timidez.Ignorância,talvez.Rabiscar é “escrever de forma pouco clara”,disse o Houaiss.Não rabisco mais.Escrevo – que segundo o mesmo Houaiss é “representar (língua,pensamento) por sinais gráficos”.E essa minha forma renovada e mais desenfreada de escrever,deve-se a você,as Letícias que me cercam e a Alice em seu país das maravilhas.Você me disse,uma vez,que quando aprendemos a brincar com as palavras,é aí que estamos prontos.Pra mim,eu estou pronta.Pronta para o meu mundo:meu,seu e de quem juntar-se a nós.Métrica e rima,só para quem tem pretensão de ser.Eu já sou...Quanto aos bons escritores,eu os leio.Os plagiadores,jogo no lixo.Aos obedientes,um sorriso.Dos famintos,quero a fome.Se somos medíocres,depende do ponto de vista,depende da intenção que temos.E a minha intenção é escrever por escrever pura e simplesmente.Escrever para quem tem olhos para ver.Só.Não somos medíocres.Não copiamos.Falamos o que sentimos “artisticamente” – olha ele aí,outra vez!No entanto, tenho que ter cuidado é com a retórica.Ela é traiçoeira.Se encontro quem me ouça,vou falando.Ou soltando as palavras ao ar ou arrumando-as no papel.No mais,tudo vai bem.Melhor agora que tenho uma livraria tipo a.m – p.m e um quarto que todo dia ganha um novo colorido.Na hora de dormir,vem o silêncio mas os sonhos vêm junto.Amanhã,outras novidades para contar.

Love,
Zélia

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

No Canto a Observar

Que me venha a Língua Portuguesa
Bem à moda do Fernando
Seu tom de mil seres humanos
Chorando a existência desse mundo.
Banho-me em seu modo
Modo de ver sofrer o escritor
Amo o sofrimento deste – crio assim o amor
São tantas linhas – em todas, um trem.
Carregado de rima, de metáfora – metafísica...
Fernando para mim acenou
Deixou o Livro pronto – impresso – coordenado
E o mundo deste, perdido entre dentes.
Hei de achar-me nele, em Fernando – meu Antecessor.

Choro à míngua
Assim como os fantasmas de biblioteca
Triste é viver e não entender
Que fingir também é ser.

O nome só se transforma
Quando a poeira fúnebre o consome
Quando o corpo se torna inerte
E um hóspede do necrotério, o escritor.


Alice
For you, Lovely Sister


...

O que você faz no intervalo?
O que faz entre uma palavra e outra?
O que você faz
No silêncio do verso ainda não escrito?

Letícia


















Tão bom perguntar. Liberdade pura.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Querida Escritora,

Cheguei de viagem. Bem, o mundo anda como antes. Aliás, ele gira e parece estar meio atordoado. Quê importa? Estamos aqui e embora os clássicos existam, têm pessoas comuns - e dessa verdade o mundo é feito. Leio esse espaço da mesma forma que leio meus livros de cabeceira. Tão valioso quanto meus livros. É de se encher os olhos ver o nascimento de uma nova voz. A sua voz, antes tímida e cheia de medo, parece ter se libertado. Nosso amigo francês bem que ajudou. Ler e recriar são peças que me fascinam - não essa preocupação com a métrica e rima. Quem escreve fala por si e por outros. E daí se irão te interpretar de forma estranha? E daí se olhos maldosos irão fazer comparações? O que importa é que a cada página se cria outra verdade e por isso há vida que não acaba. Escritor tímido não existe. Temos bons escritores, escritores plagiadores, escritores obedientes e os famintos. Também temos os medíocres - talvez sejamos nós. Mas continuamos na linha, recortando pensamentos e deixando a vida seguir. Bom ler Zélias e Marias. Silêncio só na hora de dormir, embora haja tanta coisa para se pensar.

Letícia


quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Box of Rain

Look out of any window
Any morning, any evening, any day
Maybe the sun is shining
Birds are winging, no rain is falling from a heavy sky
What do you want me to do
To do for you to see you through?
For this is all a dream we dreamed one afternoon long ago

Walk out of any doorway
Feel your way like the day before
Maybe you'll find direction
Around some corner where it's been waiting to meet you
What do you want me to do
To watch for you while you're sleeping?
Then please don't be surprised when you find me dreaming too

Look into any eyes
You find by you; you can see clear to another day
Maybe been seen before
Through other eyes on other days while going home
What do you want me to do
To do for you to see you through?
It's all a dream we dreamed one afternoon long ago

Walk into splintered sunlight
Inch your way through dead dreams to another land
Maybe you're tired and broken
Your tongue is twisted with words half spoken and thoughts unclear
What do you want me to do
To do for you, to see you through?
A box of rain will ease the pain and love will see you through

Just a box of rain, wind and water
Believe it if you need it, if you don't just pass it on
Sun and shower, wind and rain
In and out the window like a moth before a flame

And it's just a box of rain, I don't know who put it there
Believe it if you need it or leave it if you dare
And it's just a box of rain, or a ribbon for your hair
Such a long, long time to be gone and a short time to be there

Grateful Dead

Para hoje,amanhã ou qualquer dia: a box of rain ;)

Para ouvir: http://www.youtube.com/watch?v=1W6zDaQLylo



Da Liberdade e o que ela esconde

A liberdade é um pote escondido atrás do arco-íris.Assim como os teóricos têm suas formas de liberdade,cada um de nós tem a sua própria representação para ela.Entendo e aceito cada uma em seu limite.Procuro sempre fazer o que é bom pra mim:a minha liberdade eu colho nas flores.

Zélia

Aquela que vestiu a lua e enfeitou os cabelos com o sol

Ao passar,
Mariazinha,
Não era
De arrancar suspiros.
Também pudera!
Mariazinha,
Nunca foi
De “dar trela”
Para um qualquer.
Mariazinha,
Carregava uma caixa
Cheia de segredos.
Só entregava a chave
Que desvendava seus mistérios
Àquele que ganhasse seu
Sorriso mais transparente.
Talvez,por isso,
Mariazinha,
Nunca precisou envernizar
A cara de Seu Ninguém.
Muito menos,esperar
Príncipe encantado
Em cavalo branco.
Pelo contrário!
Mariazinha,
Vestiu a camisa
Do time adversário
E chegou ao fim do arco-íris
Quando quis!
Hoje,
Mariazinha,
Tem seu próprio Universo.
É dona do mundo.
Virou rainha!
Quando passa,
Mariazinha,
Desperta a inveja
Daqueles que
Não conhecem o Amor...

Zélia


Mariazinha fez a sua estréia na Livraria Cósmica que visito.Aqui,ela se veste,outra vez,para dar seu grito de liberdade...


Hellen, a Helena Contemporânea

Em seu nome ela traz a luz.
Rainha em seu universo.
De beleza singular,
É ainda a mais bela do mundo
Sua guerra, no entanto,
É de todos,
É a de quem vê mais longe.
O seu Páris tem outro nome
Mas ao amor de Helena
Ele sucumbe assim como
As muralhas da velha Tróia.
Da Deusa do Amor
Ela tem a proteção
Mas essa Helena Contemporânea
É quem dita as regras de seu jogo.

Zélia


Amigos Verdadeiros acontecem.Não se pode dizer "você vai ser meu amigo" ou "por que você não é meu amigo?".Simplesmente,não aconteceu,não acontece ou não acontecerá.Todos os meus Verdadeiros Amigos aconteceram.Como acontece agora com a quem já chamo,cariosamente,de amiga.Para Hellen,um presente do fundo da minha alma,do meu coração,do meu pensar "artístico"... :D


terça-feira, 4 de setembro de 2007

Amiga Escritora,

Os quietos ventos do Quintana e a maldição do ser da Clarice. Li dois livros e dentro deles, encontrei o mundo. Decidi ler então meus velhos diários - coisas antigas e promessas não cumpridas. Aos 15 eu tentei ser adulta - tanto que entrei no caminho errado. Aos 16, idade mais bela, perdi o fio da meada. Aos 17 descobri que o céu não era verdadeiramente azul. Descobri que as pessoas sentiam inveja, remorso e um pouco de amor. E na contínua leitura do meu livro não publicado, vi homens, mulheres, roupas novas e discos que adorava ouvir. Foi a mais tranqüila viagem de volta para casa. Pergunto-me apenas, que irá sentir essa leitora maluca quando se deparar com seus escritos desse dia alguns anos à frente.

Cordialmente,
Alice





















Esse texto já esteve em outros lugares, mas não aqui. Como um novo cenário faz das coisas novidade, trouxe as pequenas descobertas de Alice para cá.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Respondendo a lição de casa

Minha companheira-espelho e eu, passamos horas a conversar sobre questões literárias – além de outras coisinhas mais,é claro.Vasculhamos certas teorias, recriamos algumas mas também criamos as nossas próprias teorias.Afinal,o mundo é nosso.Fazemos uso do que bem entendermos...

Clarice, a Lispector, chegou em nossa conversa e com ela, a questão da autobiografia na literatura.Ser autobiográfico está longe de ser um pecado,na minha teoria.Embora, para isso, eu me agarre a Bakhtin, e em sua Estética da Criação Verbal,por concordar com ele que a autobiografia é uma maneira que eu,enquanto criador verbal,encontro para “objetivar artisticamente a minha vida”,pág.139.Ainda segundo Bakhtin, o “eu-para-si” é elemento constitutivo da forma.Os valores biográficos são valores comuns na vida e na arte, são “valores da estética da vida” e o “autor da biografia é aquele outro possível”,pág.140,em cada um.Chegamos a Lacan, então, mas acredito ser melhor seguir em frente.

Pois bem,em Obsessão,Clarice chega com o seu outro artisticamente objetivado e não há como deixar de considerar que ela escreveu o referido conto em seus 20 ou 21 anos.Transportando para ele suas inquietações de jovem mulher apaixonada.A pergunta que fazemos então é:Quem é Cristina? – personagem central em Obsessão.Trata-se de uma mulher apaixonada que,como ainda era comum na época em que foi escrito o conto,1940-41, assume uma postura de submissão ao ser amado:um homem de nome Daniel.É fato que um surto de loucura atinge a mulher ao descobrir-se apaixonada,mesmo que “por quase um segundo” (Herbert Vianna),e nesse primeiro momento ela passa a ver o outro como necessário a sua existência.Assim como o ar, talvez.Mas, ás vezes, o ar também intoxica.O “quase um segundo” de Cristina dura bem mais que um segundo e ela vai ocupar uma posição de inferioridade a Daniel até que ela acorda em um despertar para a vida,para a liberdade – no sentido de Foucault aqui.O sentido que diz que é livre aquele que cuida de si.Cristina percebe que o seu amado é quem precisa dela.Não ela dele.Talvez, ela tenha passado a ser “essencial” a ele justamente por ter deixado de tê-lo como algo essencial para ela.Que venha o despertar de Cristina e o de toda mulher que ainda tem o objeto de seu amor não como uma peça de quebra-cabeça que se encaixa a ela mas como algo que não lhe pode faltar.

É através de Cristina que Clarice vem dar seu grito as mulheres e a qualquer um que encontre no amor a sua escravidão.Letícia bem falou: "o virar de páginas e a continuidade da história” faz-se necessário sempre.Aprender a “deixar de sentir” é mais necessário que aprender a sentir, que é instintivo.A deixar de sentir temos que aprender.Devemos ser mágicos ao avesso e “desencantar” assim como um personagem que sai de cena ao final do espetáculo.Sempre chega uma hora em que precisamos trocar o cenário,rodar mais um filme e encenarmos outro papel.Sem esquecermos deste ensinamento da grande mulher e escritora que é Clarice Lispector,o de deixarmos expostas ao sol,as roupas antigas com cheiro de mofo...

Zélia

domingo, 2 de setembro de 2007

Lição de Casa

"É preciso saber sentir, mas também saber como deixar de sentir, porque se a experiência é sublime pode tornar-se igualmente perigosa. Aprenda a encantar e a desencantar. Observe, estou lhe ensinando qualquer coisa de precioso: a mágica oposta ao "abre-te, Sésamo". Para que um sentimento perca o perfume e deixe de intoxicar-nos, nada há de melhor que expô-lo ao sol."

Clarice Lispector














Em mais uma de nossas conversas telefônicas, Zélia e eu chegamos à Clarice. Esse trecho foi extraído do conto Obsessão publicado em seu livro A Bela e A Fera. Um outro lado de uma grande escritora brasileira - o ensinamento - o virar de páginas e a continuidade da história.

Despretenciosas considerações sobre "o grande fiandeiro”, por Letícia Palmeira

a vida é bem maior - sem fim - novelo de lã de Deus

Letícia

A idéia do “novelo de lã de Deus” levou-me até a mitologia grega e,assim, as Queres – ou Parcas como passaram a ser chamadas depois.

No pensamento mitológico grego, a vida é representada por um fio e a vida e a morte de cada um é associada a idéia de fiar.As Queres, fiandeiras da vida, são três e a cada uma é determinado o que se deve fazer neste sentido.Segundo Junito de Souza Brandão, grande nome na mitologia aqui referida, Cloto é “a que fia”, a que segura o fuso e vai puxando o fio da vida.Láquesis, “a sorteadora”, tem como tarefa enrolar o fio da vida e sortear aqueles que devem morrer.Átropos, “a que não volta atrás”, tem a função de cortar o fio da vida.Fazendo assim,com que todo mortal encontre o destino do qual não poderia fugir.

Seja na visão cristã,expressa por Letícia, ou na visão mitológica grega,a vida é como um grande novelo.À medida que seguimos com ela,o fio desse novelo vai sendo desenrolado - ou por Deus ou pelas Queres.O tamanho que terá essa linha ,nos dois casos, podemos dizer que depende da sorte de cada um.Se a vida é “sem fim” vai depender do ponto de vista que temos em relação ao que se encontra do outro lado da linha...

Zélia

o grande fiandeiro

a vida é bem maior
sem fim
novelo de lã de Deus

Letícia


sábado, 1 de setembro de 2007

You

As stated by Fate,
Blessed by the blue moon
You’re the One for me.
I was never worried
About taking the line
That led to you.
I climbed the highest mountains
Only to be with you
And I’ve found what I was looking for.
No matter
If people still stare
No matter
If the clock seems to dare Chronos
No matter
If the bird of life has taken other roads
No matter
Yet if I want us to become more
No matter
If we’re sixty-four
You’re (forever) my wonderwall
Again,
My choice is You.*

Zélia

*References for U2,The Smiths,The Beatles and Oasis ;)