sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O fio da vida

Fugir é bom. Nos traz de volta à boca o gostinho de trela de criança. Mas sonhar é melhor – escolha minha. É viagem de liberdade, fuga de quem cresceu. Tenho muitos sonhos.Todos de mil noites de verão. Corro de um lado para outro, mergulho em águas quentes e frias, entôo o canto de Euterpe, uso versos de Calíope, fecho a boca e travo a mão para Polímnia, não canso de cegar meus olhos ao fitar Apolo...Só não consegui fugir de Eros. Quem conseguiria? O Destino é tão certo como o augúrio do arco-íris pela chuva. O “Peter Pan” de Afrodite, nascido do Caos, não parece com a mãe.Ela é apenas amor e já tem seu protegido.Não brinca com mortais. Eros, junta mas bagunça antes. É ardiloso.No entanto,tem a ingenuidade de criança e, cego, não sabe que o sentimento que desperta é maior que ele próprio. Nesse mundo, ou em outro, sou Ariadne ligada por um fio ao meu Teseu.

Zélia