segunda-feira, 24 de junho de 2013

Por onde passa o sol, a chuva passa.

A gente se perde. Muitas vezes. Mas sempre consegue encontrar o caminho de volta – ou de uma volta. É capacidade inata aos seres viventes. Caminhar é viver. Enquanto a gente caminha, a gente vive. Enquanto a gente vive, a gente atua, disse o Bardo do Avon. Eu atesto, testo. Um passo, outro passo. Uma fala, outra fala. Um cenário, outro cenário. Um terreno, mortos enterrados e eu me enxergo contorcionista. Uma dobra pra cá, outra pra lá. Um quadrado, um triangulo, um círculo. Contorção é acrobacia. Não se vive e não se caminha sem acrobacias. Eu vivo, eu caminho, eu atuo. Em um circo de plateia contada e lona furada – para que passe o sol e a chuva passe – faço da minha parte a parte que me cabe a cada dia. Faça chuva ou faça sol ou que me doa mais ou menos.

“O gato bebe leite,
O rato come queijo
E eu, toco meu trabalho.” *

* Em O Palhaço (2011), direção de Selton Melo.

Foto: Stanislav Odyagailo.