sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Entre um despertar e outro

Era tarde mas ainda não se fazia cedo. Ponteiros não marcavam minha hora. O desengano me toma ao perceber que as Horas que eu preciso não chegam – foram impedidas de nascer. São apenas pelas asas de Hipnos que me entrego à cegueira. Sua música me toma. Não há como fugir. A verdade escondida, então, faz-me ver atravessado. Abismo sem fim. Em queda livre, vou guiada pelos Ventos que me levam. No caminho, busco quem não alcanço. Continuo. Loucura é questionar sobre não ser lúcido. Muito me foge... Mesmo assim, vejo mais longe. Ausência não desfaz vazio. Sobra espaço no quarto, seus livros não falam mais, as flores na janela cantam outra canção enquanto eu tento me agarrar ao que não existe mais. Talvez exista. A saudade é o ponto de encontro que me leva até você. Era cedo mas já se fazia tarde.

Zélia






Photo by Huggsley