terça-feira, 11 de março de 2008

entre o mundo e a guerra

O fundo do poço e estica bem o pescoço - o sol já saiu. Decidi escrever quando o mundo já conhecia de cor todas as palavras. O mundo é cheio delas. Cheio de declarações e de guerras. Mas de guerras não me atrevo a falar. Vai que um dia a minha explode e descobrem que por trás de mim tem sempre uma porta aberta. Decidi escrever e disso me alimentar. São todas as refeições e não sigo dietas - ora como Machados - ora devoro o verde do Prado. A coesão da narrativa é uma das minhas melhores amigas e as entrelinhas, o padre na hora da confissão. Se tenho segredos não sei. De mim sei apenas que decidi escrever e não uso ponto final - vai que um dia ele chega e leva a encrenca limpa do meu texto e o beijo arredio no quintal. Gosto do medo, dos pecadores e também da covardia. Me alimento cedo para escrever. Ficarão as palavras - o mundo é cheio delas. Palavras não se apagam e uma vez ditas, está perdido o ventre que as criou.


Alice




















Photo by Leilanee